Um ativista do Climáximo com uma máscara de Ministro do Ambiente discursou numa conferência sobre transição energética, destacando as contradições entre a ação climática e o furo de petróleo em Aljezur.
O Ministro do Ambiente João Matos Fernandes foi um dos oradores no evento temático organizado em Lisboa no âmbito do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050.
Quando o ministro foi convidado a intervir, um ativista do Climáximo subiu ao palco com uma máscara da face do ministro e fez um discurso transparente e revelador das verdadeiras ações do governo.
“Como Ministro contra o Ambiente, gostaria hoje de frisar o meu sincero apoio às petrolíferas, particularmente a ENI e a GALP, na sua luta contra o clima. Com o furo de Aljezur trabalhamos juntos para a destruição dos oceanos.
Tal como a GALP, acredito que devemos construir mais infraestruturas de combustíveis fósseis para termos menos infraestruturas de combustíveis fósseis. Tal como a GALP, nego a ciência climática e nego a aritmética básica. E negarei tudo o que contrariar os lucros das petrolíferas.”
O “ministro honesto” foi acompanhado por mais dois ativistas com cartazes em que se lia “Furo de Aljezur = Caos climático”.
“O furo de Aljezur não precisa de nenhuma avaliação de impacto ambiental porque um estudo de impacto ambiental não dá dinheiro.
Já fizemos consultas públicas e percebemos que as populações não entendem o capitalismo. A população acha que devo representá-la. E diz que devo demitir-me porque não defendo o ambiente. Eu não estou aqui para defender o ambiente, mas para defender as empresas do ambiente. Se houver um derrame de petróleo, irão ver o meu empenho em garantir que o negócio das petrolíferas não fique prejudicado.
Se alguém quer parar o furo, terá de parar-me a mim primeiro.”
Em contradição com as promessas de descarbonizar a economia e fazer uma transição energética, o governo recentemente autorizou a GALP e a ENI a procurar hidrocarbonetos em Aljezur sem necessidade de uma avaliação do impacto ambiental. Quando a ciência climática mostra que para travar as alterações climáticas não é possível iniciar nenhum novo projeto de combustíveis fósseis, um governo que aposta em mais furos de petróleo e gás não tem a competência política para falar sobre transição energética.
Temos de parar o furo de petróleo de Aljezur.
Temos de parar as corporações de combustíveis fósseis e os políticos com políticas fósseis.
O Climáximo convida toda a gente a organizar e participar em ações não-violentas de desobediência civil pela justiça climática.
Mais informações:
Campanha Parar o Furo: www.pararofuro.pt
Comunicado: Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050: uma mão-cheia de nada
Um duplo honesto do Ministro do Ambiente intervém em conferência para defender os combustíveis fósseis from Climaximo on Vimeo.
Texto completo da intervenção
Boa tarde e bem-vindos,
Como Ministro contra o Ambiente, gostaria hoje de frisar o meu sincero apoio às petrolíferas, particularmente ENI e GALP, na sua luta contra o clima. Com o furo de Aljezur trabalhamos juntos para a destruição dos oceanos.
Tal como a GALP, acredito que devemos construir mais infraestruturas de combustíveis fósseis para termos menos infraestruturas de combustíveis fósseis. Tal como a GALP, nego a ciência climática e nego a aritmética básica. E negarei tudo o que contrariar os lucros das petrolíferas.
Os eleitores não entendem o papel dum bom ministro do ambiente. É um erro pensar que sou um ministro pelo ambiente.
Nos incêndios florestais, na poluição do Rio Tejo, no furo de Aljezur e de Aljubarrota, nas minas de lítio da Serra da Argemela, estou sempre do lado das empresas. A Celtejo, a Navigator, a ENI, a GALP e as Australis são nossas parceiras na missão de destruir o clima. As catástrofes ambientais podem ser um bom impulso para a economia e para o empreendedorismo e é isto que as pessoas não veêm!
Sou um político com ideias fósseis e apoio os combustíveis fósseis!
Como sabem, o plano de ação do nosso governo não é reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, mas aumentá-las. Na verdade, somos tão ambiciosos que queremos que em 2030 haja mais emissões que hoje. Mas sabemos que isto é difícil. Sabemos que existe oposição cidadã, sabemos que existem energias renováveis mas nesta marcha contra o vento e o sol, faremos tudo para travar a transição energética. Começamos com Aljezur, avançaremos com Aljubarrota e aumentaremos a capacidade das nossas estações de GNL. Queremos mais combustíveis fósseis, mais caos climático, mais secas, mais fogos florestais, mais perda de biodiversidade, mais tempestades, mais imigrantes climáticos e mais combustíveis fósseis! Resumindo, queremos ajudar os nossos parceiros a terem lucros a qualquer custo.
O furo de Aljezur não precisa de nenhuma avaliação de impacto ambiental porque um estudo de impacto ambiental não dá lucro.
Já fizemos consultas públicas e percebemos que as populações não entendem o capitalismo. A população acha que devo representá-los a eles. E diz que devo demitir-me porque não defendo o ambiente. Eu não estou aqui para defender o ambiente, mas sim para defender as empresas exploradoras do ambiente. Se houver um derrame de petróleo, vão ver o meu empenho em garantir que o negócio das petrolíferas não fique prejudicado.
Se alguém quer parar o furo, tem que parar-me a mim primeiro.
Hoje vamos falar sobre transição energética e descarbonização da economia, mas não vamos falar sobre parar o furo de Aljezur.
Muito obrigado.
Wow. Vocês são espetaculares. Estou de momento a terminar uma fase de trabalho e vou-vos enviar um e-mail em breve pois gostaria muito de fazer parte deste movimento. E parabéns!
Wow. Vocês são espetaculares. Estou de momento a terminar uma fase de trabalho e vou-vos enviar um e-mail em breve pois gostaria muito de fazer parte deste movimento. E parabéns!
Bom dia Cláudia,
És sempre bem-vinda às nossas reuniões: https://climaximo.wordpress.com/sobre/contactos/ .
Até já!
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