Hoje de manhã, um T-rex quis participar no Encontro dos Cidadãos na Fundação Calouste Gulbenkian com intenção de congratular os políticos pelos esforços para transformar os seres humanos em fósseis o mais rapidamente possível. O fóssil vivo quis solidarizar-se com os políticos com ideias fósseis. O T-rex foi retirado do edifício pelos organizadores e não lhe foi permitido entrar na conferência.
Os políticos são especialistas em fazer declarações, assinar papeis não-vinculativos e organizar eventos para limpar a sua imagem. Em contradição com os discursos oficiais sobre alterações climáticas, os governos europeus continuam a investir em mais infraestruturas de combustíveis fósseis.
O governo português deu luz verde ao furo de petróleo em Aljezur, quer aumentar a capacidade do Porto de Sines para receber ainda mais gás fóssil, fez acordos com a administração Trump para comprar e distribuir o gás de fracking dos EUA, e quer construir um gasoduto com 160 km entre Guarda e Bragança. Os outros políticos convidados da cimeira sobre interligações energéticas na Europa têm currículos semelhantes (consultar Nota Informativa).
Em “solidariedade fóssil”, um T-rex apareceu na entrada da Fundação Calouse Gulbenkian hoje de manhã para dar um abraço aos políticos que lutam contra um planeta habitável por seres humanos. O dinossauro e o seu intérprete, ambos inscritos no evento, foram retirados do edifício e foi recusada a entrada.
Climáximo, coletivo pela justiça climática, denuncia conferências dos políticos com ideias fósseis em que fósseis vivos não são permitidos. O governo português ou deve parar o furo de petróleo em Aljezur, ou deve deixar os fósseis serem auto-representados nas conferências.
Mais fotos: www.flickr.com/climaximo
Nota Informativa
O chefe de Estado francês Emmanuel Macron, o líder do Governo espanhol Pedro Sánchez, o presidente da Comissão Europeia Jean Claude Juncker e o presidente do Banco Europeu de Investimentos Werner Hoyer estão em Lisboa, a convite do primeiro-ministro António Costa, numa cimeira sobre interligações energéticas.
O denominador comum destes líderes é uma combinação autêntica do negacionismo das alterações climáticas com um discurso “ambicioso” sobre o clima.
- António Costa, para além de dar luz verde ao furo de petróleo em Aljezur, quer aumentar a capacidade do Porto de Sines para receber ainda mais gás fóssil, faz acordos com administração Trump para comprar o gás de fracking dos EUA, e quer construir um gasoduto com 160 km entre Guarda e Bragança. Resumidamente, a política climática do governo português é aumentar a dependência do setor energético nos combustíveis fósseis.
- A Comissão Europeia criou uma lista de Projetos de Interesse Comum, em que promoveu dezenas de projetos de combustíveis fósseis como o gasoduto MidCat em Espanha, o gasoduto transadriatico em Itália, e o gasoduto em Portugal. O Banco Europeu de Investimento disponibiliza fundos públicos para os projetos nesta lista.
- Macron fala muito sobre o clima, mas a única coisa concreta que fez até agora foi enviar polícia militar para atacar a comunidade auto-gerida Zone à Défendre que defende a própria terra (Notre Dame des Landes) contra a construção de um aeroporto há décadas.
Num mundo de Trump, Putin e Erdogan, ter políticos a falar sobre ciência climática na televisão pode até parecer simpático. Contudo, a física e química do planeta não vêem a propaganda na televisão. É preciso agir.
Falta-nos uma década para travar os combustíveis fósseis e prevenir o caos climático.
Parem de mentir! Comecem a agir!
1) Zero infraestruturas de combustíveis fósseis novas: nem furos de petróleo, nem gasodutos, nem novos terminais para combustíveis fósseis.
2) Uma transição justa e rápida para as energias renováveis.
Justiça climática já!