Dia 2
Cansadas do primeiro dia, a maioria das ativistas ainda se demorou a pôr de pé, dado o cansaço acumulado da viagem para Madrid e participação na extensa manifestação do dia anterior, mas pelo fim da manhã a maioria já estava a seguir para o centro de Madrid.
A grande maioria dirigiu-se para o campus da Universidade Complutense de Madrid, onde a Contra Cimeira pelo clima decorreu. Entre as ativistas portuguesas algumas apresentaram, entre propostas por onde uma agenda climática mundial deve seguir, a ascensão da extrema direita face a tudo isto e o esforço para uma convergência de pessoas e coletivos para prosseguir uma agenda climática. Já a maioria dedicou o seu tempo a assistir a sessões, com temas que passaram pela falsa solução nuclear, a luta indígena face a tudo isto, eco-feminismo, o financiamento, o uso de media no ativismo, entre muitas mais. Em paralelo, várias reuniões , quer a nível ibérico, quer a nível europeu a acertaram estratégias para o ano que se segue com agenda cheia, 2020.
Dia de apresentações concluído com plenário geral que contou com a participação de várias oradoras, desde ativistas indígenas brasileiros a vários jovens parte do Fridays for the Future, oriundos da própria Espanha, de Itália e do Uganda. Enquanto isso várias ativistas aproveitaram a ida a Madrid para participar ativamente em ações diretas, em especial na ação do Extinction Rebellion Espanha, no qual uma estrada numa zona comercial foi bloqueada para dar lugar a uma discoteca urbana.
Chegado o final do dia a agenda climática encerrou, deixando espaço para e explorações descontraídas de Madrid.
Dia 3
Tendo em vista ser o dia de partida de muitas das ativistas, o dia começou com as preparações para a partida.
As rondas de sessões na Universidade Complutense repetiram-se, sucedendo-se os temas abordados, desde transições justas, experiências de ativismo no sul global, como efetivar mobilização em massa, como enquadrar os cenários de imperialismo e colonialismo, e como não podia deixar de ser, o ATERRA apresentou a sua experiência na luta contra a expansão de aeroportos em Portugal. Entretanto as reuniões continuaram a ser parte do plano do dia, em especial com a Greve Climática Estudantil a reunir-se com outras partes do Fridays for the Future a nível internacional.
No meio disto houve ainda espaço para mais ações, particularmente um protesto frente à sede da Repsol protagonizado por ativistas indígenas, denunciando o neo-colonialismo capitalista sobre a forma das extensas explorações de empresas europeias de recursos fósseis no sul global, e como a demarcação das terras indígenas poderá ter um papel preponderante nesta luta.
Findas as sessões e novo plenário focado na questão indígena e neo-colonial, a maioria das ativistas mobilizou-se para partir para o Porto, Viseu, Coimbra e Lisboa, enquanto outras ficaram para continuar a participação na cimeira ainda para decorrer nos dias seguintes.
Uma partida com uma sensação de conseguir ter não só participado num momento de mobilização crucial para a luta pela justiça climática, a manifestação de dia 6, mas também por ter saído com novas pontes e percepções. Pontes com o movimento à escala europeia e com ativistas do sul global, em especial com comunidades indígenas, que têm sido a linha da frente contra os potenciadores da crise climática: o extrativismo, o capitalismo e colonialismo. Percepções sobre os cenários negros que aguardam os povos de todo o mundo caso a questão climática não seja resolvida, mas também como se poderá ganhar esta luta e conseguir com isso um mundo justo, seguro e sustentável.