Como parte da Declaração de Estado de Emergência Climática dentro do Climáximo, decidimos reflectir sobre o que esta declaração significa a nível pessoal. Algumas activistas decidiram partilhar os seus pensamentos e sentimentos publicamente.
Declarar emergência climática a nível pessoal significou, sobretudo, sair da zona de conforto. Significou usar a minha voz em situações em que preferia ficar calada. Significou integrar grupos, encarar multidões e, essencialmente, colocar-me em situações que tipicamente evitaria a todo o custo.
Vislumbres de um mundo agreste, mais desigual e menos compassivo que, continuando o rumo atual, deixarão de ser meros vislumbres, começaram pouco a pouco a despertar um sentimento latente de urgência. O mundo evolui, neste momento, em sentido contrário ao que tinha idealizado. A confiança de que “alguém está a fazer alguma coisa” revelou-se mero delírio.
Declarar a emergência climática significou, assim, um imperativo categórico. Agir não é já uma opção, mas uma obrigação. Obrigação não no sentido de castigo ou de imposição, mas no sentido de necessidade. Mesmo quando enfrentar a crise climática parece demasiado ambicioso e fora do nosso controlo, temos de agir. Mesmo nos momentos em que a esperança falha, temos de agir. Mesmo quando surgem dúvidas acerca da eficácia dos meios de ação, temos de agir. Com ou sem esperança, temos de agir e temos de ter o apoio de todos aqueles que quiserem estar do lado certo da História.
Declarar emergência climática resultou, sobretudo, numa alteração na forma de encarar esta crise. Este não é já mais um desafio entre outros, mas o desafio que vai ditar o rumo da Humanidade. Esta compreensão colocou este desafio no topo da hierarquia das prioridades e determinou que entraves de índole pessoal e relacional fossem postos de lado.
Boa! Bem dito e esrito.