Esta tarde em Lisboa, um avião de papel gigante colidiu contra a entrada do Ministério da Economia, num protesto organizado pelo colectivo Climáximo para a campanha Aterra. Num momento em que é necessária uma redução drástica de emissões de gases com efeito de estufa, nenhum novo aeroporto pode ser adicionado aos que já existem, seja no Montijo ou em qualquer outra localização.
Estando já o projecto de aeroporto do Montijo em estado de coma, activistas climáticos anunciam a sua oposição a qualquer novo projecto que implique aumento de emissões, isto é, qualquer ampliação do sistema aeroportuário. Na semana passada foi travada a construção da terceira pista do aeroporto de Heathrow, em Londres, exactamente por causa dos efeitos no agravamento da crise climática.
A pressão para o aumento de vôos destinados a Portugal representa a negação na prática da existência da crise climática e revela o carácter predatório do sistema capitalista, que insiste em perpetuar o crescimento do lucro acima de qualquer consideração, incluindo o maior desafio civilizacional que já enfrentámos – as alterações climáticas.
O actual governo é um reflexo desta realidade, alinhando com grandes interesses como os da Vinci. O Ministério da Economia é um ministério a brincar, sem acção política coerente com a nossa realidade, servindo apenas de sustento aos lucros privados, à custa do nosso futuro colectivo. Invocando “desenvolvimento” e “bem-estar económico”, apresentam projectos catastróficos que terão de ser travados.
Os efeitos da expansão aeroportuária não estão limitados aos mais evidentes problemas, como o ruído das aeronaves ou a destruição de habitat de aves migratórias, mas estão sobretudo reflectidos no colossal aumento da emissão de gases com efeito de estufa que se espera, já que os aviões chegam a emitir 73 vezes mais gases com efeito climático do que a ferrovia para uma distância equivalente.
O aeroporto do Montijo já se despenhou. Quaisquer novos projectos destes contarão com o bloqueio activo dos movimentos pela justiça climática. É urgente acabar com brincadeiras e começar uma política de transição justa para a sociedade, com uma modificação fundamental dos sistemas de energia, transportes, agricultura e floresta. Mais aviões só a brincar!