O movimento Greve Climática Estudantil anunciou o cancelamento das greves marcadas para a próxima sexta-feira, dia 13 de Março, devido às recomendações da DGS de eventos ao ar livre com mais de 5.000 pessoas devido a esforços de contenção da pandemia de Covid-19.
Estamos de facto em estado de emergência global, com demasiadas vidas a serem postas em risco. Estamos em estado de emergência há vários anos. A diferença é que a emergência da crise climática não abre noticiários na TV nem despoleta políticas eficazes de prevenção por parte de nenhum Estado.
A actuação do Governo face à pandemia de Covid-19 é flagrantemente insuficiente e, como sempre, favorece os patrões e os privilegiados, ignorando as reais necessidades da população. São facilitados os despedimentos, mas não são asseguradas condições para os trabalhadores, sobretudo os mais precários, se protegerem, manterem o rendimento e darem assistência aos seus dependentes.
Da mesma forma, o combate às alterações climáticas ainda não é uma prioridade para este Governo. Os muitos milhões que são atribuídos (directamente ou por ausência de taxação) ao sector privado (à banca, às parcerias público-privadas nos serviços de saúde, à aviação…) deviam estar a ser canalizados para uma transição energética justa. Mas num sistema neoliberal é mais importante salvaguardar o lucro do que a saúde e a sobrevivência das pessoas.
Eventos cancelados, turismo afectado e economia abalada são consequências que, daqui por muito pouco tempo, serão corriqueiras e insignificantes, se nada fizermos para reverter a marcha em direcção ao caos climático. Se as emissões de gases com efeito de estufa não forem drasticamente reduzidas dentro de 5 a 10 anos, as consequências a arcar serão desafios de sobrevivência a eventos climáticos extremos e à pobreza, a escassez de alimentos e água potável, a milhões de pessoas condenadas à pobreza extrema e desigualdades sociais, a migrações em massa e conflitos geopolíticos agudizados. Na verdade, estas consequências já hoje se fazem sentir para milhões de pessoas, sobretudo as mais fragilizadas, as mais precarizadas, as populações do Sul Global, as mais pobres, as mulheres.
O colapso histórico das bolsas mundiais revela a extrema fragilidade do sistema capitalista. Perante um vírus microscópico, toda a economia assente nos combustíveis fósseis treme. A economia fóssil está de quarentena.
O Climáximo já declarou internamente estado de emergência, em Setembro passado. O nosso compromisso é claro: em dez anos, derrubar o sistema que perpetua as desigualdades sociais e a crise cimática e ecológica. Com ele, as indústrias fósseis em que o sistema se sustenta. Estamos cientes de que a luta será cada vez mais dura, que seremos (mais) oprimidas, que irão proibir as nossas manifestações, que estaremos sob ataque directo de quem detém o poder e quem defende o sistema.
Por isso mesmo, não temos tempo a perder! Não nos podemos dar ao luxo de perder um só momento de mobilização global.
Não haverá greve climática nesta sexta-feira, mas não podemos ficar de braços cruzados. Não cancelamos nenhuma das nossas iniciativas marcadas. Aqui estão alguns dos próximos passos em que podes e deves participar:
No dia 24 de Abril, vamos contestar a Assembleia Geral de Accionistas da GALP. Porque a GALP tem de cair. Porque precisamos duma transição justa. Porque precisamos de energia pública, renovável e descentralizada. Porque a economia fóssil tem de cair. Nesta primeira reunião, vamos explicar o conceito da acção e lançar as preparações. É a altura certa para te juntares.
Primavera pelo Clima no dia 13 de Março, 21h00, Casa da Horta, Porto
A terceira onda de mobilizações da plataforma By 2020 We Rise Up está a chegar com força. Das greves até acções nas Assembleias Gerais de Accionistas, das acampadas climáticas aos bloqueios, temos muitas propostas em cima da mesa. Neste encontro, queremos apresentar as acções planeadas a nível europeu, para decidirmos juntas em que momentos o movimento no Porto estaria envolvido.
Acções que os vários núcleos da GCE poderão indicar
Reunião Introdutória do Climáximo no dia 17 de Março, 18:00, CIDAC (Picoas, Lisboa)
Estamos a lançar as preparações para as mobilizações de Primavera. Queres envolver-te? Queres saber o que defendemos e como funcionamos? Isto é a tua oportunidade. Aparece!
Formação em Desobediência Civil, dia 21 de Março. 14:00, Base-FUT (Lisboa) – preparação de Resposta Rápida na Bajouca
O espectro do furo de gás na Zona Centro ainda está vivo. Os activistas são contra, a população local é contra, os autarcas são contra. Mas o governo e a Australis Oil & Gas ainda querem explorar mais combustíveis fósseis em Bajouca, Leiria. Estamos a preparar-nos para o caso de máquinas chegarem ao terreno. Junta-te à equipa e vamos parar o furo.
Este é o maior desafio que a Humanidade já enfrentou e nós faremos de tudo para o vencer. Nunca nos renderemos! Nós somos aqueles de quem estávamos à espera!
Lava as tuas mãos, aparece nas acções e nas reuniões, tapa a tua boca quando tossires, e junta-te à luta. 😉