Avança queixa-crime ao Ministério Público por revistas durante a detenção de 26 pessoas na ação Em Chamas
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Sete coletivos feministas (A Coletiva, Feministas Em Movimento, Feminismos sobre Rodas, Marcha Mundial das Mulheres, Mulheres p’lo Direito à Habitação, Por todas nós e UMAR) juntaram-se ao coletivo Climáximo e às 26 pessoas detidas na ação Em Chamas para apresentar uma queixa face aos procedimentos adotados por parte da PSP durante a detenção.
Esta queixa-crime vem no seguimento de uma nota de repúdio partilhada publicamente por vários coletivos feministas, onde confirmam que, após serem levadas para a esquadra dos Olivais, as pessoas detidas foram alvo de revistas injustificadas, tendo as mulheres sido forçadas à nudez (nalguns casos, sem roupa interior), e algumas sido obrigadas a agachar-se para provar que não constituíam uma ameaça.
Perante a reação do Comando Metropolitano de Lisboa – que considerou estas afirmações ‘absurdas’ – e a resposta do comandante da esquadra dos Olivais a um requerimento sobre o mesmo assunto, negando a ocorrência de qualquer tipo de incumprimento por parte da polícia, os coletivos e as ativistas envolvidas decidiram proceder com uma queixa-crime ao Ministério Público, para que seja reposta a verdade, se apurem responsabilidades e sejam avaliadas consequências penais.
A ação Em Chamas, organizada pelo Climáximo e levada a cabo no dia 22 de Maio, consistiu numa manifestação não violenta exigindo justiça climática, menos aviões, uma transição justa para os trabalhadores do setor da aviação e mais ferrovia. Face à falta de resposta das instituições políticas às reivindicações apresentadas, mais de 150 pessoas bloquearam com os seus corpos a Rotunda do Relógio junto ao Aeroporto de Lisboa.
Inês Teles, ativista do Climáximo, afirma que “a repressão por parte da polícia, bem como as práticas de intimidação, discriminação e humilhação a que as ativistas foram expostas, constituem uma forma clara de conivência para com as estratégias do Governo, que procura a todo o custo contornar, desvalorizar e até mesmo negar a emergência climática. Os compromissos garantidos por parte das instituições políticas são evidenciados em toda a sua hipocrisia quando, por exemplo, se reprime uma manifestação pacífica ou se insiste em levar a cabo o crime ambiental, económico e social que seria a construção de um novo aeroporto em Lisboa, que apenas serve as elites financeiras e os grandes interesses económicos”.
O choque entre a ação não violenta das ativistas e a violência a que a polícia submeteu os seus corpos, torna evidente o conflito entre aqueles que lutam por um futuro digno num planeta habitável e aqueles que defendem o sistema que destrói ativamente esse futuro. Contudo, mesmo que a repressão se intensifique, a luta por justiça climática continuará, mantendo-se o compromisso firmado no final da ação Em Chamas, de sair à rua novamente no outono para bloquear uma infraestrutura das maiores emissoras de gases com efeito de estufa em Portugal.