O primeiro é o fim da pesquisa e prospeção de petróleo a partir de 2022.
Este é acompanhado da informação de que a Galp continuará a realizar perfurações já contratualizadas no Brasil e São Tomé. Destaque para o Brasil, onde ainda tem bastantes recursos que serão lucrativos durante mais de uma década. Além disso, continuará com furos de avaliação ou em campos de desenvolvimento.
Isto está na linha da argumentação de realizar uma transição mais rapidamente que as congéneres e reduzir 40% das emissões de energia produzida até 2030.
Além disso, a Galp ainda anuncia uma plataforma colaborativa, supostamente para apoiar a Neutralidade Carbónica
Esta nova plataforma, a Upcoming Energies, receberá um investimento de 180 milhões de euros até 2025.
Segundo a Galp, vários parceiros e stakeholders poderão partilhar a sua visão e explorar soluções para a transição energética com o apoio da petrolífera. Para o CEO é “crucial” que o sistema energético mude “em tempo útil”. Como normal, evita de falar em encerramento de projetos fósseis e chuta para o lado com o papel da inovação, digitalização e hábitos de consumo.
Além disso, ainda pede “parceria com o Estado para reconverter a refinaria de Sines
Assim, para reconstruir esta nova imagem da Galp, isto passará por reconverter a refinaria de Sines, na qual, o CEO, quer uma “parceria” com o estado. Este defende que o Estado deve trabalhar em conjunto com a empresa para transformar a refinaria de Sines nas próximas décadas, com a aposta nas energias ‘verdes’. Ou seja, precisa de fundos públicos para alimentar um negócio privado.
Andy Brown comenta: “No longo prazo, na década de 2030, vamos precisar de descarbonizar Sines. Isso significa investir no hidrogénio e outras energias limpas. Teremos de encerrar parte da atividade feita com combustíveis fósseis. Será necessária uma parceria com o Governo.”.
E mais, defendeu que a reconversão de Sines será um processo que irá demorar “várias décadas” e que são necessários “incentivos”. Acrescentou que a Galp tem várias propostas em cima da mesa para o futuro da refinaria de Sines, algumas relacionadas com a cadeia de valor das baterias e outras sobre combustíveis sustentáveis. “Creio que o Governo é muito progressista no que toca a adotar soluções à base de hidrogénio.”
Ainda mais, Andry Brown reconhece erros na Refinaria de Matosinhos, mas sem agir para os reparar.
Galp Energia aprendeu algumas das “lições” depois da decisão de fechar a refinaria de Matosinhos, nomeadamente, sobre como poderia ter interagido melhor com os trabalhadores para evitar uma reação negativa o presidente executivo da empresa. Brown disse que a Galp quer fazer de Matosinhos “um futuro polo de inovação de que nos orgulharemos, pois é um imóvel fantástico”.
O que tem acontecido na COP até agora?
A nível de promessas foi a Índia quem fez maior notícia anunciando que pretende gerar metade da sua eletricidade através de energias renováveis em 2030 e atingir net zero em 2070. Um plano distante e insuficiente tendo em conta que outros países muito poluidores não apresentaram novidades e logo, muito precisa ainda de ser feito.
Para as florestas foi assinado um acordo por mais de 100 países que pretende reverter a desflorestação em 2030. O Brasil e o Congo fazem parte dos signatários. Apesar deste acordo ter um investimento de 14 mil milhões de dólares, já houve um acordo internacional para o facto em 2014 e nada mudou com isso.
Uma aliança de 90 nações pretende reduzir as emissões de metano em, pelo menos, 30% até 2030. É bom, é bonito, mas a Índia, Rússia e China não fazem parte desta aliança.
Quanto ao carvão detalhou-se um acordo para o seu desfasamento e para a paragem de construção de novas centrais a carvão. 43 países, dos quais 23, é a sua primeira vez a realizar um compromisso neste sentido, mas, aqui também, peca-se pela falta da Austrália, Índia, EUA e China neste compromisso.
Se todos os compromissos afirmados fossem cumpridos seria possível visionar um mundo com uma subida da temperatura limitada no 1.8ºC, mas analisando os compromissos nacionais de todos os países estamos em vista a um cenário mais catastrófico demarcado numa subida em 2.7ºC.
Drill Baby Drill – Vários dos países que se comprometeram a reduzir emissões de gases com efeito de estufa nesta década e atingir a neutralidade carbónica até 2050 têm planeados novos furos de gás e de petróleo em 2021 e 2022.
Este relatório identifica que as principais empresas petrolíferas e 76 países têm planeadas mais de 800 perfurações para extração de gás e de petróleo entre 2021 e 2022. E esta seria uma estimativa abaixo do real, pois são somente os confirmados. Ao todo, a coligação contabilizou 816 furos para extração de combustíveis fósseis previstos entre 2021 e 2022, 36 dos quais de empresas britânicas. Entre os países responsáveis por 500 destes poços projetados estão EUA, Austrália, Rússia, México, Indonésia, Noruega e Brasil. Entre as empresas identificadas estão a ENI, Petronas, Shell, Equinor, Total, Pemex, PTTEP, BP, Pertamina e Chevron.
Pelo menos 503 lobistas dos combustíveis fósseis tiveram acesso à COP26
Mais de 100 empresas petrolíferas estão representadas na COP, sendo que os lobistas presentes constituem o dobro dos oficiais indígenas presentes, com 27 delegações oficiais de países a registarem membros lobistas, como, por exemplo o Canada, Rússia e Brasil.
Em Portugal
O governo despacha 14 concessões mineiras que incluem exploração de lítio e volfrâmio
O contrato de concessão para a exploração de volfrâmio e de outros minerais na Borralha, concelho de Montalegre, foi assinado no dia 28 de outubro com a empresa Minerália, bem como o de concessão para a exploração de lítio e de outros minerais na Serra da Argemela, nos concelhos do Fundão e da Covilhã.
Nesse mesmo dia, foram assinados 13 contratos para exploração mineira, prospeção e pesquisa e adendas a contratos em várias zonas do país. Ainda nenhuma destas concessões reúne condições para iniciar a exploração. De qualquer modo, a assinatura destes contratos deste modo de rajada demonstra um favorecimento objetivo para que estas empresas ganhem direitos a estas concessões.
Assembleia da Républica aprova lei de bases do Clima
A Lei prevê que Portugal seja neutro em carbono em 2045, que depois de 2035 não se vendam carros movidos a combustível fóssil e que a eletricidade deixe de depender do carvão e do gás natural. O parlamento aprovará “numa base quinquenal e num horizonte de 30 anos”, uma redução nas emissões em pelo menos 55 por cento até 2030, entre 65% e 75% até 2040 e pelo menos 90% até 2050.
A Lei prevê igualmente uma meta para absorção de carbono através de cobertura florestal; a criação de um Conselho para a Ação Climática formado por peritos; e é ainda consagrada a eliminação progressiva dos “subsídios fixados aos combustíveis fósseis ou da sua utilização” até 2030.
No que toca à transição energética, é determinada a eliminação até 2040 do gás natural fóssil no sistema energético. A lei de bases do clima fixa também a proibição de “novas concessões de prospeção ou exploração de hidrocarbonetos” no território português. Globalmente, uma lei com objetivos insuficientes e, mesmo esses, são ambíguos.