A 25 de Janeiro, o IPMA já relatava que 54% do território estava em seca moderada, 34% em seca severa e 11% em seca extrema1. No fim de Fevereiro, mais de 60% do território estava em seca extrema; o valor da precipitação registado corresponde a apenas 10% ao normal do período entre 1971 e 2000. Fevereiro de 2022 foi o 3º mês mais seco desde 1931. Só a seca de 2012 foi mais grave. No Alentejo e no Algarve, os valores de percentagem de água no solo são inferiores a 20%. No dia 22 de Fevereiro, 75% das estações meteorológicas registaram valores acima dos 20ºC.
A crise hídrica é uma das facetas do colapso climático, do sistema capitalista movido pelo lucro, e da ausência da integração da ciência climática nos programas políticos de sucessivos governos, assim como do uso indevido de água para produção agrícola em modelos intensivos não-ecológicos.
A Caravana pela Justiça Climátiva vai passar por…
- Barragem do Cabril, que divide os distritos de Castelo Branco e Leiria, onde a seca deixou à vista uma aldeia que estava há mais de 60 anos submersa.
- Perto de Bacia de Castelo de Bode, em Santarém, que é uma das barragens onde foram postas restrições a produção de eletricidade, devido à seca.2
- No Norte do Vale do Tejo, onde a redução dos níveis de reservas hídricas abaixo do normal já provou consequências para a agricultura da região. Houve a necessidade de regar as culturas de outono/inverno, que normalmente são alimentadas pelas águas da chuva, o que acarreta custos elevados para os agricultores; e instala-se a preocupação face à possível falta de água para irrigar as culturas de primavera/verão que serão semeadas em março/abril.3
- Projeto Tejo, que pretende construir 4 novos açudes e 2 novas barragens nas zonas de Vila Franca de Xira até Abrantes, de forma a expandir a área de regadio intensivo em 200 mil hectares na região hidrográfica do Tejo e das ribeiras do Oeste. Este tipo de projeto tem enormes impactos ambientais, estará associado a mais emissões, e pode contribuir para fomentar o uso ineficiente e intensivo de recursos hídricos, devido à redução artificial do preço da água no perímetro de rega. O plano que o sistema capitalista oferece para fazer face à falta de água é, então, de construir um “novo Alqueva” no Ribatejo.
- Ao longo de todo o rio Tejo, vamos passar pelas águas sujas e poluídas devido em grande parte à impunidade de empresas da indústria da pasta do papel, como a Navigator e a Altri.
Podes apoiar esta iniciativa aqui: https://opencollective.com/climaximopt/projects/caravana-justica-climatica
Mais info sobre a Caravana: https://www.caravanaclima.pt/
1 https://www.publico.pt/2022/01/27/sociedade/noticia/provavel-seca-agrave-avisa-ipma-1993400
2 https://maisribatejo.sapo.pt/2022/02/01/seca-governo-restringe-uso-de-barragens-para-eletricidade-e-rega/
3 https://maisribatejo.sapo.pt/2022/02/04/seca-agricultores-do-norte-do-vale-do-tejo-apreensivos-com-a-falta-de-agu/