AÇÃO: Ativistas pela justiça climática interromperam o discurso do Ministro do Ambiente na conferência organizada pela Galp.

Hoje de manhã, ativistas do Climáximo e do Scientist Rebellion interromperam a conferência Portugal Energy Summit numa ação direta não-violenta, a denunciar a contradição entre os investimentos nos combustíveis fósseis e o discurso de transição.

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Hoje, os jornais do grupo Cofina e a Galp co-organizaram uma conferência com a presença do Ministro do Ambiente e Ação Climática Duarte Cordeiro, o Secretário do Estado de Ambiente e Energia João Galamba, o CEO da Galp Andy Brown, o CEO da Savannah Resources David Archer e o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa Carlos Moedas.

No âmbito da campanha Gás é Andar para Atrás, as ativistas pela justiça climática interromperam a intervenção inicial do Ministro do Ambiente, denunciando os planos dos políticos e das empresas para aumentar os combustíveis fósseis na economia portuguesa e levar o planeta ao caos climático.

O governo já declarou a sua intenção de aumentar a importação de gás fóssil. A Galp já anunciou que vai investir tanto nos combustíveis fósseis como nas energias renováveis nos próximos anos, o que justifica a sua parceria com a Savanna Resources, a empresa de extração mineira que detém as concessões de lítio no Barroso. O Carlos Moedas quer pôr mais carros na cidade e é aliado do governo para construir um novo aeroporto em Lisboa. Ao mesmo tempo, o governo cortou impostos às empresas petrolíferas e autorizou a Galp a despedir os trabalhadores da refinaria de Matosinhos.

Esta ação relembra que o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 prevê esgotar o orçamento de carbono de Portugal já em 2026, se não for antes. Nesse sentido, os discursos de descarbonização em 2050 só servem para esconder a informação verdadeira de que o governo e as empresas vão garantir o colapso climático já com as emissões desta década.

As ativistas alertam que é preciso 10% de corte nas emissões todos os anos e nem o governo nem a Galp tem planos para isto para este ano ou qualquer outro ano. O que está a acontecer é uma expansão energética e não uma transição. Os políticos estão a mentir. As empresas estão a mentir. Sabem que estão a mentir. E sabem que nós sabemos que estão a mentir. Esta conferência monstra a colaboração direta do governo, das empresas e da comunicação social na divulgação da mentira.

Com cartazes de “1.5ºC vs. Lucro”, “1.5ºC vs. Gás”, “1.5ºC vs. PS”, “1.5ºC vs. Galp” e “1.5ºC vs. Capitalismo”, as ativistas disseram que não dão licença social para estas pessoas falarem sobre clima ou transição enquanto montam uma expansão energética em todas as frentes.

As ativistas convocam o acampamento de ação, Acampamento 1.5, a ter lugar entre dias 6 e 10 de Julho, em Melides, Grândola, onde as pessoas comuns e vários coletivos vão discutir uma verdadeira transição justa e rápida e organizar ações contra o capitalismo fóssil.


Mais informações:

www.gasparatras.pt

www.climaximo.pt/acampamento-1-5

2 thoughts on “AÇÃO: Ativistas pela justiça climática interromperam o discurso do Ministro do Ambiente na conferência organizada pela Galp.

  1. Os senhores que estavam no palco são quem verdadeiramente vai fazer a transição energética: é a Galp, a EDP e muitas outras grandes empresas quem vai construir em grande escala os parques solares e eólicos, os eletrolisadores para a produção de hidrogénio verde, os biocombustíveis e as outras soluções energéticas que nos permitirão substituir os combustíveis fósseis. Os Srs. da Climáximo o que propõem, além de acabar com o sistema capitalista?

  2. Olá Patrícia,

    Muito obrigado pelo comentário e pelas perguntas. As acções que fazemos são também para abrir estas discussões.

    Nesta resposta, queremos partilhar alguns recursos que podem ser interessantes.

    – Os dados empíricos não estão a mostrar-nos uma transição.

    A nível internacional, este relatório mostra que temos uma “expansão” energética neste momento: https://www.empregos-clima.pt/novo-relatorio-transicao-energetica-ou-expansao-energetica/

    Em Portugal, o plano do governo é para esgotar o orçamento de carbono de Portugal já esta década: https://www.climaximo.pt/2021/08/11/relatorio-de-acordo-com-o-ipcc-os-planos-climaticos-de-portugal-implicam-esgotar-o-orcamento-de-carbono-daqui-a-5-a-14-anos/

    Estamos envolvidos num estudo de caso sobre Sines, onde podemos também observar estas dinâmicas de expansão sem substituição, nomeadamente
    — EDP: https://www.empregos-clima.pt/sines-edp
    — Galp: https://www.empregos-clima.pt/sines-refinaria
    — Hidrogénio: https://www.empregos-clima.pt/sines-h2

    – As empresas estão realmente a investir nas energias renováveis, mas energias renováveis não cortam emissões. O problema com este “crescimento verde” é que está a ser construida uma economia verde colada à economia fóssil. Há uma razão estrutural e histórica para esta contradição. Podes ler mais aqui: https://www.empregos-clima.pt/sines-fossil

    – Em termos de soluções: o Climáximo faz parte da campanha Empregos para o Clima (https://www.empregos-clima.pt). No ano passado, a campanha lançou um novo relatório, “200 mil Empregos para o Clima”, que mostra que um plano de 200 mil novos empregos públicos nos sectores-chave consegue cortar as emissões de Portugal em 85% até 2030. Isto é actualmente o único plano de transição para Portugal que seja compatível com a ciência climática. Podes ver o relatório aqui: https://www.empregos-clima.pt/relatorio . Este relatório explica sector por sector o que deve ser feito e que empregos são para criar. O Suplemento Técnico (disponível no mesmo link) conta com dezenas de artigos escritos por especialistas de cada área, especificamente para alimentar este relatório.

    Esperamos ter contribuído à discussão duma forma produtiva. São muitos artigos e relatórios que colocámos acima; a verdade é que estamos mesmo preocupadas com o caos climático que os políticos e as empresas estão a levar-nos e por isso temos feito bastante esforço para criar informação e propostas concretas.

    Abraços solidários,
    Climáximo

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