Por uma mudança social que trava a crise climática, uma condição necessária é um movimento forte pela justiça climática. Para construir uma mobilização social, temos experimentado com várias táticas.
Organizámos dezenas de manifestações pelo clima (no âmbito da plataforma Salvar o Clima). Organizámosações diretas não-violentas (Parar o Furo (2018), Semana de Rebelião (2019), Fracasso Económico Mundial (2020), DescontaminAcção (2020) e a mais recente ação Eles Comem Tudo). Organizámos ações de desobediência civil em massa nas zonas urbanas (Rebelião em Lisboa (2019), Nós Somos os Anti-Corpos (2020) e Em Chamas (2021)) e nas infraestruturas poluentes (Vamos Juntas (2021)). Organizámos uma grande marcha (Caravana pela Justiça Climática (2022)) no interior de Portugal. Organizámos acampamentos de ação (Camp-in-Gás (2019) e Acampamento 1.5 (2022)). Tudo isto, sem contar com as ações dos outros coletivos em que participámos.
Cada uma destas ações ensinou-nos novas competências e acrescentou novas capacidades organizativas ao movimento. Com esta diversidade de táticas, contribuímos para o cancelamento dos projetos de exploração de petróleo e gás em Portugal e trouxemos a crise climática à agenda pública duma forma inegável. Vamos continuar a utilizá-las de forma adequada em cada contexto da luta. Mas rejeitamos a nós próprias a possibilidade de criar hábitos de atuação.
Na avaliação do estado de emergência climática dentro do Climáximo, reconhecemos uma saturação e banalização na abordagem pública da crise climática. Apesar de aceitar os fatos, falta-nos aceitar o significado deles. As emissões estão a aumentar, há novos projetos de combustíveis fósseis (inclusive em Portugal), estamos no caminho para um colapso civilizacional, os governos continuam a não tratar a crise climática como uma verdadeira crise e a comunicação social tem sido cúmplice desta normalização. É preciso relançar a luta.
Para dar visibilidade ao caos climático e os responsáveis dele duma forma incontornável e parar a destruição planetária com ações disruptivas, vamos explorar novas formas de ação nos próximos tempos.