Em Novembro de 2021 declarámos novas medidas de financiamento, nas quais se incluía o desafio de empregar 2 pessoas para o Movimento pela Justiça Climática durante 2022 via auto financiamento.
A ambição era “até meio de 2022, libertar 2 pessoas, dando-lhes um valor mínimo de subsistência mensal, para que possam dedicar-se a tempo inteiro ao movimento pela justiça climática, principalmente para tarefas de manutenção tal como de facilitação da participação das outras pessoas nas ações, campanhas, decisões e organização. Queremos alcançar isto exclusivamente via auto-finaciamento.”
Durante os meses seguintes não colocámos a capacidade e energia necessárias para viabilizar este compromisso – não conseguimos aumentar substancialmente a nossa capacidade de auto-financiamento. Em Fevereiro de 2021 decidimos, mesmo assim, com base nos donativos mensais e pontuais existentes, sustentar 1 pessoa, em part-time, através de recibos verdes num valor mensal de 475€, durante 4 meses – de Março a Junho. Sabíamos que não estávamos a retirar a pessoa de uma situação altamente precária. Mas assim possibilitávamos que pudesse focar a sua atenção e energia exclusivamente, no crescimento e manutenção do Movimento pela Justiça Climática em Portugal.
Trabalho desenvolvido e impactos
Decidimos coletivamente e a priori que o compromisso de trabalho era:
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20 horas semanais, dedicadas a tarefas de manutenção, de integração e de facilitação de participação de todas as pessoas. Dado as necessidades identificadas no coletivo, o foco foi na manutenção de comunicação externa: redes sociais, calendário, email e website. Desta forma, libertámos 2 a 3 pessoas para poderem desenvolver mais trabalho político.
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Fora das 20 horas semanais estar ativamente envolvida e coordenar atividades políticas, de forma a contrariar a cultura de funcionária. Teria que ser um membro politicamente ativo do coletivo e do Movimento pela Justiça Climática.
Ao longo deste 4 meses, o trabalho desenvolvido permitiu não só a manutenção diária, como conseguiu estarmos mais visíveis, presentes e acessíveis, tal como partilhar regularmente atividades de todo o movimento. Em particular, melhorámos a utilização e acesso à informação no site; melhorámos a nossa presença, coerência e resposta nas redes sociais; criámos um canal de Telegram para partilha direta de notícias e novidades; explorámos novas redes sociais; produzimos guiões que irão facilitar e apoiar o trabalho das restantes ativistas; aumentámos a capacidade de divulgação das ações e atividades do Movimento de Justiça Climática e movimentos sociais tanto em Portugal como a nível internacional.
Aprendizagens
Este foi um processo que foi sendo melhorado pela experiência. Apoiámo-nos mutuamente ao longo destes 4 meses, adaptando-nos coletivamente. Identificámos como boas práticas: o acompanhamento direto à pessoa, em particular com conversas quinzenais, para apoio na gestão de tempo e tarefas, tal como apoio emocional e cognitivo; clareza a priori das responsabilidades e tarefas, de forma a gerir as expectativas de todas e permitir accountability.
Sabemos que temos muito para melhorar ainda. Aprendemos que o período de integração nas tarefas é fundamental. Compreendemos o desafio a nível de gestão de tempo e de responsabilidades, por ter uma carga horária de manutenção em conjunto com coordenação de atividades políticas. Sabemos que o apoio mensal não suporta na totalidade a renda e despesas de uma vida digna, sendo apenas possível caso a pessoa conte com outros apoios (o que só é possível para pessoas em situações de maior privilégio).
Aumentar a nossa resiliência política implica aumentar a nossa independência financeira. Precisamos de alocar a capacidade e energia necessárias para viabilizar o compromisso feito em Novembro de 2021. Durante as próximas semanas vamos refletir como o poderemos fazer.