O Paquistão sofre cheias tremendas. A tragédia é enorme, sendo que há uma semana se registavam quase mil mortos, 30 milhões “gravemente afetados” e mais de meio milhão de casas destruídas, os números têm sido continuamente atualizados.
Estas chuvas são o oitavo ciclo das monções, quando normalmente o Paquistão só tem três ou quatro ciclos por ano. A quantidade de chuva recebida tem sido cerca de quatro vezes a média.
Na China, foi provavelmente sentida a pior onda de calor desde que há registo. Esta alongou-se por mais de 70 dias, em especial em zonas do interior sul do país, em redor da cidade de Sichuan.
Além do calor, a região também foi afetada por uma seca e, dada a dependência em energia hidroelétrica, várias fábricas tiveram de interromper a produção. A agricultura também foi afetada pela falta de água. Prevê-se, a seguir às secas, cheias que forçaram 100.000 pessoas a ser evacuadas.
Também no Japão, se fizeram sentir altas temperaturas, acima dos 35 Cº, na capital Tóquio e a cidade Isesaki bateu o recorde com 40,2 Cº.
Em toda a Europa, o inverno e primavera secos foram seguidos pelo verão quente o que deixou os recursos hídricos em níveis críticos.
Rios navegáveis como o Reno sofreram constrangimentos, com a cadeia de fornecimento de carvão alemã ao longo deste a ser constrangida. As centrais nucleares em França foram forçadas a abrandar a produção devido à falta de água para os processos de arrefecimento. Em vários lugares, a produção agrícola deverá estar afetada dada a falta de água para rega e à salinização devido aos baixos caudais. A falta de produção hidroelétrica forçou um ainda maior uso de combustíveis, para produzir energia, e o uso de ar condicionados fez disparar o consumo de eletricidade.
Portugal não é excepção, atualmente, 60% do território está em seca extrema e 40% em seca severa. Quanto ao impacto na agricultura, ainda não é claro, mas seguramente várias culturas serão afetadas.
Também no mar as temperaturas foram anormais, com o Mediterrâneo a sofrer temperaturas 4-5 Cº acima do esperado, em especial na zona ocidental.
Estas ondas de calor têm vindo a intensificar-se e têm impacto no ecossistemas marinhos.
Segundo dados de 16 de Agosto, mais de 660.000 hectares já tinham ardido na União Europeia este ano.
Com 75.277 hectares, Portugal é o terceiro país com mais área ardida, atrás de Espanha e da Roménia, e à frente de França, países com muito mais área. Em países como a Chéquia onde os incêndios tendiam a ser fenómenos insignificantes, o fenómeno tem passado a ser regular.
A seca e altas ondas de altas temperaturas são as responsáveis diretas do fenómeno.
Em Portugal, apesar da não existirem vítimas em massa como em 2017, esta poderá ser a pior época de fogos em termos de área ardida, com destaque para o incêndio na Serra da Estrela, em meados de Agosto, que consumiu mais de um quarto do parque natural.
Ajustamentos Mercados da Energia
O preço da eletricidade tem estado em níveis anormalmente elevados em toda a Europa, e o mercado de futuros da energia tem batido recordes diários. A escassez de gás russo, os problemas das centrais nucleares francesas, a falta de água para o setor hidroelétrico, entre outros, têm contribuindo para esta escalada de preços.
Dada a utilização de energia em toda a economia, isto tem-se refletido nas taxas de inflação recorde. O preço do gás tem tido aumentos ainda mais expressivos, e antecipa-se a subida nas faturas. Em Portugal, a EDP fala em subir o preço 30 euros em média para as famílias.
Na Escócia, face ao quase duplicar da conta da energia, já depois de outros aumentos, manifestantes protestaram à porta da reguladora do mercado da energia.
Isto está a implicar mudanças na forma como estes mercados funcionam. Para a União Europeia, antecipa-se uma “mudança fundamental” do mercado da energia. Isto poderá alterar o mecanismo marginal do mercado, no qual o preço da energia mais cara (nos últimos meses com o gás em destaque) marca o preço de mercado.
Em Portugal, o estado pretende abrir a possibilidade de sair do mercado “livre” para o mercado regulado mais barato.
Face aos preços altos do gás na Europa, a União Europeia está a apostar em usar os sete portos da Península Ibérica – Sines mais seis portos de Espanha – para fazer chegar o gás liquefeito, em especial da América do Norte e de África.
O projeto passa por construir novos gasodutos na Península Ibérica, inclusive um que chegue a França. Este não é uma novidade, mas face ao contexto do último ano, tem vindo a ganhar folgo.
Em Espanha, o plano para reduzir o consumo de eletricidade cortando em gastos supérfluos como a iluminação de montras de lojas durante a noite e níveis extremamente baixos nos ares condicionados, permitiu uma poupança de 6% no consumo de eletricidade.
Em vários países, o debate sobre a aposta no nuclear tem vindo ao de cima, apesar das várias limitações do nuclear, exemplificadas com a França, que se vê em dificuldades devido às quebras na produção de eletricidade a partir desta fonte de energia.