Depois do bloqueio da Conferência Europeia de Gás em Viena, Climáximo apela à participação no bloqueio do Porto de Sines, a 13 de Maio

O Climáximo, parte da aliança internacional BlockGas, foi uma das organizações que participou no processo de bloqueio e protesto contra a Conferência Internacional de Gás que ocorrer na semana passada em Viena, na Áustria. Com o protesto de ontem, contra a repressão policial, conclui-se o início de um novo processo de mobilização internacional contra o gás, com o lançamento do Último Inverno de Gás na Europa.

Na semana passada, mais de 600 pessoas de vários países europeus (incluindo do Climáximo, de Portugal) participaram nos bloqueios da Conferência Europeia de Gás, os jatos onde lobistas e políticos foram bloqueados, hotel foi bloqueado, invadido, o jantar de gala interrompido, a refinaria da OMV mesmo ao lado de Viena foi ocupado e a sua atividade interrompida durante mais de 10 horas e o silêncio no qual este evento ocorreu durante os últimos anos (sempre em Viena, que se tornou uma espécie de colónia do gás russo, mantendo até hoje até 70% de todo o seu gás fóssil de origem russa). Na 3ª feira, mais de 5000 pessoas participaram nas manifestações frente ao hotel.

Não será possível manter-se este evento como ocorria até agora, um evento manifestamente secreto, fechado à sociedade e à imprensa, escondido de todo o escrutínio público e democrático. Foi neste mesmo evento que durante anos se elaboraram primeiro os acordos que puseram o sistema energético europeu nas mãos do gás russo e agora onde se pretende manter o gás fóssil como a matriz estrutural da energia e da eletricidade europeia, substituindo apenas uma parte do gás da Rússia por gás vindo da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Estados Unidos ou Nigéria. Este evento, onde perante a crise climática reúna um autêntico culto suicida, é um dos locais onde se originou e desencadeou a crise do custo de vida. Nele participaram políticos europeus, lóbistas de gás e presidentes de inúmeras petrolíferas. É um evento cuja realização devia ser proibida.

No entanto a atenção do estado austríaco virou-se contra quem se manifestou contra a sua realização. Mais de 150 pessoas foram detidas ao longo dos protestos, gaseados e ameaçados com cães. Várias estiveram detidas mais do que um dia, coagidas a denunciarem-se uma às outras, mas sem efeito. A atuação violenta da polícia – que resultou em polícias feridos por outros polícias – foi condenada por várias organizações austríacas e internacionais, como a Amnistia Internacional. O crescendo de repressão sobre o movimento pela justiça climática, de que são exemplos gritantes a execução com 14 tiros de Manuel Páez Terán na Geórgia nos Estados Unidos, a mobilização de mais de mil polícias para abrir caminho à destruição da aldeia de Lutzerath para expandir uma mina de carvão na Alemanha ou a decisão do governo francês de “desmantelar” o movimento Soulévements de la terre anunciada a semana passada, não nos amedronta ou faz hesitar – o sistema capitalista está, como sempre a defender os lucros milionários por cima da possibilidade de haver futuro. Perante o seu negacionismo e a sua pulsão para empurrar-nos para a catástrofe respondemos com ação, empenho e coragem. Ontem, em Viena, centenas de pessoas participaram na manifestação convocada pela aliança BlockGas contra a repressão policial.

Saldamos como muito positiva a nossa participação nas ações de Viena e prometemos continuar o nosso empenho na articulação internacional do movimento pela justiça climática, que se propõe travar o caos provocado por este sistema. Estaremos presentes, dentro da aliança BlockGas se a OMV tentar voltar a realizar uma Conferência Europeia de Gás ou em outros momentos necessários para garantir que o inverno de 2023-2024 seja o Último Inverno de Gás na Europa.

Por isso mesmo, no próximo dia 13 de Maio, solidarizamo-nos com a plataforma Parar o Gás e o bloqueio do Porto de LNG de Sines, a maior porta de gás fóssil em Portugal e apelamos à participação popular neste evento crucial. Este local e outras infraestruturas e empresas são, como a Conferência Internacional de Gás em Viena, locais de crime, do maior crime alguma vez feito contra a Humanidade, a decisão de ignorar toda a Ciência e avançar rumo ao colapso climático.

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