Climáximo na Universidade de Verão “The Future is Ours to Reclaim” – Ljubljana

O Climáximo esteve presente na Universidade de Verão “The Future is Ours to Reclaim” organizada pela Transform Europe e The Left, em Ljubljana de 6 a 9 de Julho. Fomos convidados a dar dois workshops acerca de como montar campanhas de sucesso e sobre ferramentas de campanhas, em conjunto com outras organizações. A Universidade de Verão, que se focou bastante nas perspectivas para as próximas eleições europeias de 2024, foi em vários momentos ensombrada pela perspectiva de uma subida vertiginosa da extrema-direita no próximo ciclo eleitoral, e da viragem da direita conservadora para a adopção de programas de extrema-direita.

O outro grande tema da Universidade de Verão foi a guerra na Ucrânia e a posição desconfortável da esquerda europeia num conflito em que Putin é o invasor mas a NATO continua a ser uma arma de imperialismo e expansão dos interesses americanos, décadas depois do seu objeto ter sido extinto. Perante uma imprensa capitalista e inflexível, a esquerda vê-se presa a responder aos programas de outrem, com dificuldade em apresentar uma visão do futuro (ao contrário da extrema-direita, que promete um futuro de regresso ao passado, mas que apresenta essa visão arcaica). O Climáximo esteve presente num workshop sobre “Como tornar um tópico numa campanha”com organizadores de campanhas sobre saúde (Itália) e anti-racismo (Bélgica), apresentando uma visão mais ampla sobre campanhas, começando pelas 4 camadas de organização dos movimentos (ideologia, política, estratégia e tática), como organizar objetivos SMART para uma campanha, como mover o espectro de aliados e como integrar diferentes tópicos e movimentos numa campanha (normal ou eleitoral). Utilizámos os exemplos das manifestações Their Time do Pay e da campanha Empregos para o Clima como o tipo de articulação entre diferentes níveis organizacionais que permite construir dinâmicas transformadoras em diferentes tipos de campanha.

No segundo workshop, “Como construir uma campanha”, estivemos com movimentos Centro para uma Política de Emancipação (Sérvia) e Instituto 8M (Eslovénia). No workshop ouvimos as experiências de comunicação em massa com jovens na Eslovénia e a experiência de construção de uma campanha internacional para obter “Living Wage” em vários países dos Balcãs, com sucesso na difusão da noção e organização de greves e ações pela instituição de um salário que corresponda às necessidades reais de quem trabalha nos países da Europa de Leste, cuja política de atração de investimento é, à décadas, os baixíssimos salários. O Climáximo apresentou uma proposta esquemática baseando-se nos tipos de poder que existem nos níveis de organizações, na articulação (ou falta dela) que permite (ou não) construir movimentos transformadores da sociedade, sobre objetivos das campanhas, sobre a enorme dificuldade que é conseguir criar coerência ou estrutura para uma campanha eleitoral aberta sem estratégias de longo-prazo, como testar enquadramentos e narrativas e como criar alianças reais entre organizações. Terminámos com a mensagem de que o poder institucional não é o único poder que existe, que o poder institucional está cada vez mais pequeno e que sem poder social, o poder institucional vale ainda menos.

Este evento ocorreu imediatamente após a semana mais quente alguma vez registada, o que deixa a contradição da crise climática ser um tema pouco abordado ainda mais à vista. A materialidade da crise climática é indiscutível, e permitir que a sua centralidade nos programas políticos seja determinada pela agenda anti-materialista da imprensa capitalista é um problema grave.

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