Climáximo faz parte da plataforma europeia By 2020 We Rise Up e da plataforma ibérica 2020 Rebelión por el Clima.
By 2020 We Rise Up é um espaço de estratégia para escalada de mobilizações e coordenação das acções. Depois do Camp-in-Gás, acampamento de acção contra gás fóssil e pela justiça climática, em Julho de 2019, que serviu-nos como aquecimento e formação, a primeira onda europeia de mobilizações teve lugar em Setembro-Outubro de 2019. A segunda onda de mobilizações aconteceeu em Janeiro de 2020, e a terceira onda será na primavera de 2020.
Novidades sobre By 2020 We Rise Up em Portugal, aqui.
Ver também: Um Guia para Principiantes ao By 2020 We Rise Up
I. A razão de ser deste apelo
Vivemos tempos de rápidas mudanças e múltiplas crises globais, não só climáticas, que exigem uma resposta à altura.
Sabemos que todos os aspetos disfuncionais da sociedade estão interligados através dos sistemas socioeconómicos institucionalizados de exploração da natureza, humanos e animais não-humanos. Esses sistemas de desigualdade, segregação de todos os tipos, hierarquias e poderes são perpetuados por algumas pessoas que não representam o interesse comum.
Esta é a altura em que todas as nossas lutas convergem. Apesar de sabermos que a crise climática é a ameaça mais direta à nossa espécie e vida na Terra, todos os aspetos disfuncionais deste sistema têm que ser resolvidos. Caso contrário, os sistemas exploradores, destruidores e insustentáveis vão continuar a tornar-se mais fortes.
Ao lançarmos este apelo, nós, ativistas na Europa, queremos desempenhar um papel na abolição do sistema de exploração e de poder político e económico. Ao mesmo tempo, reforçamo-nos mutuamente em todo o mundo, fomentando os contactos e ajudando os que querem juntar-se à luta.
Estamos solidários com aqueles que sofrem mais. Estamos solidários com os trabalhadores e comunidades na linha da frente em todos os continentes. Estamos com as pessoas de todos os géneros, descendências, línguas, capacidades físicas, orientações sexuais, experiências, idades e confissões. Estamos solidário com todos os seres vivos.
Enquanto pessoas que entram em ação, fazemos um balanço da urgência e da enorme responsabilidade que recai sobre nós. Muitos de nós beneficiaram, nem que seja só em parte, do sistema, do Estado de direito, e somos nós que permitimos que continue a funcionar com as nossas ações quotidianas.
Vivemos em países consumidores e destruidores da humanidade e da natureza, impondo os nossos modelos e visões do mundo a outras regiões do globo. Comprometemo-nos a assumir responsabilidade pelo nosso passado comum, presente e futuro. Vamos revoltar-nos e mudar um sistema letal.
II. Visão
Apelamos a que todos se revoltem, em solidariedade, com amor e raiva, determinação e estratégia.
Apelamos a que todos se revoltem numa luta diversa e comum pela vida.
Apelamos a que todos se coordenem com outros grupos, por exemplo, grupos de justiça climática ou de solidariedade internacional, associações de trabalhadores, estudantes, cuidadores e comunidades religiosas.
Apelamos a todos os que entendem que o futuro pode dar origem a um mundo melhor.
Apelamos a todos os que aceitam e abraçam o facto de ser a nossa diversidade e a capacidade de escolher o que nos tornar verdadeiramente fortes e humanos.
Apelamos a todos aqueles que pensam que ninguém se importa, que se revoltem e se juntem a nós.
Apelamos a todos os que sabem que um sistema deve proteger e representar as pessoas e não destruir a humanidade e o futuro.
Apelamos a que todos usem os meios preferenciais para agirem e exercerem pressão, seja através da desobediência civil, de manifestações, ocupações, reivindicação de espaços, realização de assembleias, afixação de autocolantes nas cidades, telefonemas e abaixo-assinados para os seus representantes políticos, abandono das escolas e dos locais de trabalho, bloqueio da entrada da câmara municipal ou do acesso a rotundas, organização de ações de celebração de massa no exterior, realização de reuniões em casa, impressão e distribuição panfletos, utilização de altifalantes para agrupar pessoas numa praça, tirando as crianças da escola ou pais do trabalho, organizando encontros para debater, em termos concretos, a transição e as exigências na sua cidade. Apelamos a uma perturbação civil de massa e coordenada do atual rumo do sistema, que está a deixar a humanidade à beira do abismo. Vamos revoltar-nos, pela vida, pelos nossos direitos, pela nossa humanidade, pela justiça.
Vamos revoltar-nos durante tanto tempo quanto necessário e não vamos desistir.
Vamos estar preparados, com exigências e estratégias de ação e não vamos ser apanhados desprevenidos.
Não vamos abandonar o nosso futuro às mãos dos decisores que alegam representarem-nos, ou aos interesses das empresas, que apenas querem lucros.
Não vamos impor a ninguém nenhum tipo de acção.
Vamos ser solidários com qualquer tipo de luta.
Vamos contestar qualquer tipo de discriminação.
Vamos apelar à coordenação em massa no seio da nossa diversidade.
Vamos erguer-nos em respeito absoluto pela vida.
Não vamos embora.
Vamos ficar até o nosso futuro e o das outras espécies do planeta estejam assegurados, pois somos parte da mesma vida e do ecossistema.
Estamos vivos.
III. Estratégia
Estamos juntos e vamos definir os nossos objetivos concretos em consonância com os contextos e com as capacidades nacionais e regionais.
Acordamos que, enquanto diferentes grupos realizam várias acções, vamos apoiá-las simplesmente porque estaremos a agir de modo coordenado, conscientes do que acontece em outros locais, independetemente da nossa localização geográfica.
Vamos agir de maneira a causar uma disrupção massiva do sistema, tanto regional como globalmente.
Vamos definir quais as exigências que asseguram que uma transição justa terá lugar rápido o suficente para prevenir novas catástrofes como as alterações climáticas acima dos 1,5 ºC, ou como o colapso das sociedades e ecossistemas.
Vamos agir de forma coordenada e estratégica, com exigências fortes e eficazes, unidos sem nos deixarmos dividir pelos poderes.
Não vamos ouvir argumentos que tentam convencer-nos de que o sistema actual é a única alternativa, ou sequer uma alternativa.
Estamos preparados para resistir até ganharmos, pois esta luta é uma luta pela justiça e pela vida.
Estamos prontos para ficar até atingirmos um futuro justo, sustentável e habitável para a existência e a futuras gerações.
IV. Calendário
De Janeiro a Março de 2019, grupos por toda a Europa partilharam as suas ideias e experiências.
Em Basileia, no final de Março, concordámos em fazer um apelo europeu para mostrar a nossa visão e começar o brainstorming sobre linhas estratégicas.
Entre o início de Abril e o fim de Maio, os grupos irão reunir-se nos seus próprios países ou regiões e definir as suas linhas estratégicas, tanto no que respeita a exigências como a acções.
Uma vez por mês, serão realizadas chamadas para a estratégia europeia para se desenvolver o enquadramento e coordenação europeus.
No fim de Maio, vamos juntar-nos para entendermos onde estamos, ajustar o enquadramento europeu e ajudarmo-nos uns aos outros.
No fim do Verão, irão decorrer as fases finais do planeamento.
Em Setembro, cada país ou região prontos para tomar parte nesta grande mobilização terão uma lista de alvos e os grupos terão identificado quais é que estão preparados para atingir e através de que meios.
As exigências terão sido definidas para assegurar que os objetivos são atingidos.
No início de Setembro, voltaremos a encontrar-nos, num encontro final europeu, antes da escalada dramática.