Muita gente, muito esforço, muito dinheiro – mesmo muito dinheiro! – estão envolvidos na causa de lixar o planeta e a nossa existência nele a longo prazo. O troféu do “Globo de Carbono” serve para reconhecer este tributo, e prestar homenagem ao responsável português mais dedicado em explorar recursos e contribuir para o aquecimento global.
Não podíamos claro incluir toda a gente, porque a lista é muito longa e o tempo é curto. Por isso nomeámos algumas referências incontornáveis, e o público votou no seu responsável mais querido no nosso site.
Temos 5 candidatos fortes:
A GALP Energia confia na natureza para ajudar a explorar os seus recursos. Dois feitos espantosos da Galp nesta causa de lixar o planeta: no mercado doméstico de eletricidade (recentemente “libertado”) a Galp consegue produzir quase 1/3 da sua eletricidade do carvão, o que com a crise climática em curso é um contributo notável. Mas melhor que isso, a Galp continua a usar parte dos lucros para procurar novas reservas de petróleo e gás em vários sítios da costa portuguesa, inclusivé para exploração por fratura hidráulica, para conseguir ser ainda mais destrutiva. Bravo Galp!
Mas a Partex, a petrolífera da Fundação Gulbenkian – sim é verdade, a Fundação Gulbenkian tem uma petrolífera – a Partex não fica atrás da Galp.
As duas companhias são almas irmãs na busca de petróleo em águas portuguesas, e às vezes até trabalham juntas nos projetos de prospeção. Mas ao contrário da Galp, a Partex não confia assim tanto na natureza, e por isso filosofa mais sobre estas questões climáticas. Acredita por exemplo que são os engarrafamentos de trânsito que produzem a maior parte do dióxido de carbono para o ar, e que os sismos provocados pela fratura hidráulica são no fundo causados pela geologia da Terra, porque ela tem, afinal, placas tectónicas. Estas filosofices deixam a Partex domir descansada à noite, sabendo que a culpa não é dela, e que o seu trabalho de destruir o planeta é compatível com os ideais filantrópicos Gulbenkian.
Temos também a Portucel, a grande papeleira portuguesa. A Portucel gosta de árvores. Ou aliás, diria mesmo que gosta muito de árvores. De facto gosta tanto de árvores que o trabalho da Portucel é desflorestar enormes terrenos e plantar eucaliptos e outras monoculturas, para depois as cortar e transformar em papel. No processo todo, são produzidas mais de 3 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano – isto claro sem contar com os fogos florestais que se tornam muito mais fáceis em florestas de monocultura.
Toda esta exploração da natureza, na visão da Portucel, é sustentável – pois sim, na medida em que a empresa planeia continuá-la no futuro. Esta extração tão sustentada de recursos valeu-lhe uma nomeação para o Globo de Carbono.
Também temos de reconhecer o trabalho do Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia. Houve rumores de que poderia não haver vida dentro do Ministério. Ele tem-se mantido estranhamente calmo perante a crise climática.
Mas depois de alguma investigação, percebemos que o Ministério está vivo sim, mas que tem atravessado uma crise psicótica gravíssima, entre a sua faceta de Ministério do Ambiente e a sua missão de Ministério da Energia. Isto faz com que tenha comportamentos estranhos: por exemplo compromete-se a “baixar” as emissões para emissões superiores às atuais, e assina um “compromisso de crescimento verde” enquanto dá licenças a petrolíferas para buscar petróleo e fazer fratura hidráulica em várias zonas do país. Esperamos que esta crise psicótica se resolva rapidamente em favor da missão ambiental, mas enquanto isso não acontece, o trabalho do Ministério é digno deste Globo de Carbono.
Por último, o que dizer do mega-projeto de expansão do Porto de Sines – Terminal XXI (que também faz parte do plano estratégico do Ministério). Posso dizer por exemplo que o Porto está junto a duas zonas naturais protegidas; que o transporte de contentores é muito poluente; que o Porto serve de porta de abastecimento nacional de petróleo, carvão e gás natural; e que ele planeia já em 2019 aumentar a capacidade de 1,7 milhões para 3 milhões de contentores por ano!
Mas mais notável que isto tudo, é notar que a expansão do Porto vai contribuir ativamente para a submersão do próprio Porto, porque as suas emissões massivas vão ajudar o aquecimento global e a subida do nível do mar.
É capaz de ser a primeira vez na história em que um governo se compromete oficialmente a um plano de terrorismo suicida, em que o terrorista (neste caso o Porto) se sacrifica em nome da causa do terrorismo, neste caso ecológico. E como não se trata só de aterrorizar os ecossistemas protegidos locais, mas de contribuir para lixar o planeta como um todo, este mega-projeto mereceu uma nomeação para o Globo de Carbono.
Todos os nomeados trabalharam com muito afinco. Mas qual deles merece ganhar? Sem mais delongas, anunciamos o vencedor desta primeira edição do Globo de Carbono.
Quem trabalhou mais para lixar o planeta foi …
o Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia !
Muitos parabéns ao Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia pelo seu trabalho esforçado nesta causa de lixar o planeta!
Esperamos que continuem a seguir o percurso de destruição e exploração do Ministério.
[este poll encontra-se agora encerrado]