O Climáximo, movimento pela justiça climática que está envolvido desde a sua fundação no combate à prospecção e exploração de combustíveis fósseis em Portugal e em todos os outros países, congratula-se com o cancelamento dos contratos da Portfuel e da Repsol /Partex no Algarve, mas não pode deixar de assinalar que há mais 9 contratos para exploração de petróleo e gás, em terra e no mar, em todo o litoral português desde o Porto até Sagres, e na Batalha e em Pombal. É preciso cancelar todos estes contratos e avançar imediatamente para o fim da utilização de fósseis no país, à imagem do que está a ocorrer em vários outros locais do planeta.
Estes cancelamentos não teriam sido possíveis sem a determinada e ininterrupta mobilização de vários movimentos locais, no Algarve e não só, que colocaram com total clareza a questão do petróleo e gás em contraposição à vida e à economia das populações, além da questão óbvia das alterações climáticas que ameaçam não apenas à escala local, mas à escala global. O Climáximo colocou-se sempre do seu lado e continuará a empenhar-se na solução definitiva destas concessões irracionais.
A decisão do governo é positiva, mas em nenhum momento será aceitável como moeda de troca para a prossecução das outras concessões: não nos enganamos acerca da força das empresas que possuem estas concessões catastróficas, mas é dever de qualquer governo defender as populações que o elegeram. Falta portanto cancelar os restantes contratos, no litoral alentejano, na zona Oeste e na Beira Litoral. A mobilização social será crucial para levar este processo a bom porto.
No passado mês de Novembro em Marrakesh, na COP-22, o Primeiro-Ministro António Costa declarou que Portugal seria carbono neutro em 2050. Isso significa simplesmente que não pode haver exploração de combustíveis fósseis no país. Embora seja um bom anúncio, é demasiado prolongado no tempo: o orçamento mundial de carbono e a capacidade de mantermos a temperatura abaixo dos 2ºC implicará uma transição muito mais acelerada, que terá de ser feita nas próximas duas décadas. O Climáximo tudo fará para forçar essa transição rápida e essa ruptura com a lógica suicida dos fósseis que suporta o capitalismo extrativista que explora as pessoas e o planeta.
6 contratos já foram, faltam os outros 9!