O clima não começou a ser destruído por Trump e não seria salvo por ele

A decisão anunciada ontem à noite por Donald Trump põe um ponto final na ideia simpática de que ele estaria simplesmente a fazer bluff em relação ao clima. Trump é um negacionista das alterações climáticas na teoria e na prática, e representa a indústria petrolífera, a quem deu as rédeas do país. Mas mais importante do que derramar lágrimas de crocodilo, em Portugal temos algo muito concreto para fazer e que contraria directamente a decisão insana do multimilionário presidente americano: acabar imediatamente com as concessões para prospecção e exploração de petróleo e gás em Portugal.

A decisão de Donald Trump de abandonar o Acordo de Paris foi anunciada repetidamente pelo mesmo e pelo seu partido durante as eleições presidenciais. Ontem, Trump cumpriu essa promessa, depois de nos últimos meses ter destruído muita da legislação de protecção ambiental e de relativo controlo de emissões que havia sido instituída, além de ter mandado retirar qualquer referência a alterações climáticas dos organismos públicos dos EUA. Só quem não esteve atento durante os últimos meses foi apanhado de surpresa.

Esta notícia, mais do que alimentar desânimo ou resignação, deve encorajar os milhões de pessoas que por todo o planeta se têm mobilizado nos últimos anos em defesa da justiça climática, da justiça social e da defesa da Humanidade. Para quem ainda alimentou ilusões acerca dos acordos internacionais – e sendo o Acordo de Paris particularmente fraco – acabam-se as ilusões. É preciso combater este problema na sua fonte: acabar com os combustíveis fósseis e promover uma revolução energética em vez de inventar grandes esquemas minados pela indústria petrolíferas e pelos estados do status quo. Em Portugal não deve haver hipocrisia não escrutinada: é preciso que quem se ofende coma decisão de Trump assuma a posição de acabar com os contratos de prospecção e exploração de petróleo e gás em Portugal e aposte claramente numa transição rápida para uma economia de baixo carbono.

O Climáximo reitera este combate e a necessidade de mudar aceleradamente o sistema económico em que vivemos como única forma de garantir um futuro digno para a humanidade. Não podemos esperar pelas negociações internacionais e pelos acordos de bastidores para resolver este assunto. Nós somos aqueles de quem estávamos à espera.

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