Estamos em estado de rebelião contra a extinção.
As alterações climáticas são a maior crise que alguma vez vivemos enquanto civilização, são o maior crime alguma vez cometido contra a Humanidade e contra todos os seres vivos do planeta e são a maior injustiça alguma vez feita, primeiro aos mais pobres e depois contra o conjunto da Humanidade. Nós não ficaremos caladas e quietas enquanto o mundo colapsa à nossa volta. Não ficaremos à espera que esta crise climática nos arraste para a destruição.
A imprensa é um agente activo desta crise. Jornais, televisões e sites como a CMTV têm contribuído para a inacção criminosa dos governos de todo o mundo. Ao esconderem a crise climática escondem à população o estado de emergência total em que vivemos. Ao promoverem permanentemente temas inúteis e ao exacerbarem permanentemente problemas irrelevantes, catapultando-os para a abertura dos telejornais e para as capas dos jornais fazem-nos achar que este problema não é assim tão grave. Mas é. E se querem falar de crimes e injustiças, escândalos e indignação, não existe nenhum crime maior, nenhuma injustiça maior, nenhum escândalo maior, nada que devesse provocar mais indignação do que a emergência climática.
2018 foi o ano com mais emissões de gases com efeito de estufa de sempre. Bateu o recorde de 2017. Apesar de haver um consenso total da comunidade científica especialista nesta área a imprensa promove polémicas ridículas sobre se há ou não alterações climáticas. Os cinco anos mais quentes alguma vez registados foram 2016, 2015, 2017, 2018 e 2014, os últimos cinco. Estamos a destruir a capacidade que o sistema terrestre tem de nos sustentar. Milhões de pessoas são obrigadas a abandonar as suas terras e as suas casas porque já não é possível lá viver, e os milhões de refugiados climáticos, que não pararão de crescer, são atacados violentamente, em vez de se atacar a crise climática que os criou. O sistema económico capitalista não consegue sobreviver sem depredar de forma brutal os recursos naturais, e todos os acordos climáticos, por mais fracos que sejam, são desprezados e atirados para o lixo. As empresas petrolíferas, as mais ricas que alguma vez existiram, atiram dinheiro para esconder o problema, para promover a desinformação, para calar a imprensa e para mentir aos povos de todo o mundo. As petrolíferas são os carrascos da Humanidade. E todos que se permitem ser comprados por elas e pelos seus argumentos mentirosos são cúmplices da marcha da Humanidade para a Extinção.
Na imprensa, sabemos que há vários motivos para o silêncio: falta de independência jornalística, grupos económicos que controlam as linhas editoriais, falta de pessoal, falta de tempo, falta de meios, precariedade laboral, mas apelamos a todas as pessoas que trabalham na imprensa que ajudem a divulgar claramente a maior ameaça que alguma vez pairou sobre nós. É esse o vosso trabalho, informar o povo para ajudar a mobilizar-nos a todas para a enorme mudança que temos de conseguir na próxima década, onde temos de conseguir cortar as emissões à escala global em pelo menos 50% para tentar travar a catástrofe. Temos inimigos poderosíssimos e aceitamos que é preciso enfrentá-los e hoje estamos por todo o mundo mobilizados para ganhar. Não existe mais business as usual. Nem para eles, nem para nós. Estamos em rebelião.
Nós não viemos aqui dizer-vos como é que isto vai acabar. Viemos aqui dizer a todos que estão a trabalhar contra o futuro da Humanidade que estamos aqui para derrotar-vos. Vocês podem enganar algumas pessoas durante algum tempo, mas não podem enganar todas as pessoas todo o tempo. E nós não aceitaremos que o destino é sacrificar o futuro da nossa civilização para que meia dúzia de multimilionários e umas centenas de milhares de jagunços a seu mando possam decidir extinguir a nossa espécie só porque acham que manter as suas fortunas é mais confortável do que resgatar o futuro.
Nós estamos aqui para ganhar, porque a nossa única alternativa enquanto civilização, enquanto espécie, é derrotar-vos, é derrotar o vosso sistema que precisa de destruir cada vez mais só para manter os seus lucros e para manter os seus privilégios.
Todo o poder ao povo. Nós somos a rebelião.
Manifesto lido pelas ativistas que invadiram a emissão em directo da CMTV.