Ontem o Climáximo foi à sede do jornal online Observador distribuir os últimos relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas. Este jornal, que vem crescentemente ganhando notoriedade pelo seu espaço de opinião preenchido por negacionistas da Ciência que promovem uma agenda obscurantista, deve exercer o direito de informação baseando-se em rigor científico.
Na face do imperativo de que tudo precisa de ser mudado para combater a maior ameaça à espécie humana desde que há registo, e após o esgotamento da estratégia baseada em ignorar as alterações climáticas, a linha defensora para manter tudo como está conduz à próxima fase: o negacionismo.
O Climáximo, reconhecendo o valor do trabalho de vários jornalistas e profissionais de comunicação, não pode ficar indiferente ao negacionismo e à agenda contra a luta climática que vem ganhando espaço no jornal Observador.
Em vez de reger os seus critérios pela ciência, prefere a dúvida gratuita; em vez de especialistas da área, recorrem a humoristas; em vez de assinalarem o sistema capitalista como carrasco da humanidade, apontam o dedo a quem está na linha da frente da luta.
Nesse sentido, o Climáximo levou o relatório dos 1,5ºC do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas das Nações Unidas, que distribuiu aos presentes, acompanhado de uma breve exposição sobre o básico da Ciência Climática, nomeadamente:
– A concentração de dióxido de carbono, o principal gás com efeito de estufa, que é hoje maior do que em qualquer outro momento nos últimos – pelo menos – 3 milhões de anos;
– A temperatura média do planeta, que aumentou cerca de 1ºC desde a era pré-industrial, devido à influência humana, via emissões de gases com efeito de estufa;
– Dos 10 anos mais quentes alguma vez registados, apenas um não ocorreu neste século, e os mais quentes foram os últimos cinco: 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018.
– As consequências deste aumento de temperatura são massivas, desde a ameaça às cidades costeiras e esgotamento de recursos hídricos ao colapso de sistemas agrícolas, entre outros. Os custos económicos de não agir agora de forma decidida para mitigar as alterações climáticas são muito superiores aos custos dessa mesma mitigação.
– Para evitar passar a marca dos 1.5ºC, com danos irreparáveis e um sistema climático absolutamente caótico, as emissões globais de Gases com Efeito de Estufa têm de ser cortadas para metade até 2030.
Para que uma sociedade seja justa, a liberdade de imprensa é vital. O rigor científico também.