Como parte da Declaração de Estado de Emergência Climática dentro do Climáximo, decidimos reflectir sobre o que esta declaração significa a nível pessoal. Algumas activistas decidiram partilhar os seus pensamentos e sentimentos publicamente.
Declarar a emergência climática para mim quer dizer que somos em grande perigo. Digo somos, englobando a espécie humana e muitas outras espécies. O planeta não está em perigo, ele não precisa de nós, podemos desaparecer e ele vai continuar a girar tranquilamente à volta do sol durante milhares de anos.
Assim sendo, agora poderia pensar que a melhor solução seria deixar as coisas como estão. Isolar-me numa comunidade autónoma, cultivar a minha hortinha, e deixar a espécie humana auto-extinguir-se e liberar o planeta desta praga que somos.
Mas isso não é a minha resposta a esta emergência, porque os primeiros que sofrem desta situação climática não são os que mais estão a poluir, é o contrario. Os extra-ricos podem continuar a poluir, acumulando dinheiro, e quando a situação chegar a um ponto crítico poderão migrar para outro lugar mais acolhedor como fez o primeiro-ministro da Austrália, que foi de férias para Hawai durante os incêndios recentes. Muitos dos ricos da Silicon Valley já têm a sua segurança comprada em caso de colapso, com um jato privado e bunker incluídos nesse pacote.
Quando descobri estas injustiças apercebi-me da importância da justiça climática nesta emergência climática.
Não é uma luta pelo futuro, é uma luta pelo presente dos que já estão a morrer.
Não entrei no ativismo à toa, estava predisposta, se isso se pode dizer. O meu avô, que sempre foi uma fonte de inspiração para mim, escondia panfletos debaixo do seu colchão e reunia-se de maneira clandestina, escondido nas Iglésias durante o franquismo para lutar contra a ditadura. Mas só há pouco tempo percebi o sentido dessas histórias incríveis que ele me contava, sentado ao sol, fumando um cigarro com um copo de vinho na mão e um livro aberto nos joelhos.
Admito que ter a oportunidade de ser uma ativista sem arriscar a minha vida é uma sorte imensa, e quero aproveitar isso. Vou continuar a ser ativista porque é assim que me sinto mas viva, e mais eu própria.
O que estou a fazer concretamente é informar-me sempre mais, o suficiente para não ter mais medo de exprimir a minhas ideias sobre a situação climática, política, e social atual. Quero-me abrir a novas realidades, formas de pensar, e de ver o futuro. Quero informar a maior parte das pessoas, porque o capitalismo muitas vezes esconde, ou desacredita a urgência de tomar ação pelo clima.
Para mim é urgente aprender das experiências dos que ainda as podem contar, inspirar me nas lutas passadas, seguir em frente ao me organizar com pessoas que partilham esta ideia de urgência, partilhar a minha ainda curta experiência de ativismo e, se um dia puder dar vontade a alguém de tomar ação, seria uma honra imensa que dedicaria ao homem que me deu essa vontade de lutar.
A emergência climática foi declarada. Já estamos a falhar, já há pessoas que estão a morrer por causa das alterações climáticas. Acho que é tarde demais para evitar as catástrofes, mas se a minha ação conjugada com resto dos ativistas de todo mundo puder tentar limitar as consequências do colapso, e não deixar que sejam sempre os mais pobres a ser mais afetados, vou tentar.