Segundo o FT, as alterações climáticas são um risco maior para o sistema financeiro que o COVID-19. Isto porque se espera que os custos dos efeitos das alterações climáticas sejam maiores que aqueles causados pelo confinamento forçado pelo COVID-19. Segundo o autor do estudo, uma análise destes investimentos de uma forma correta quanto ao risco colocaria-os no mesmo patamar que investimentos de alto risco financeiro, o que torna a esmagadora maioria destes impraticáveis do ponto de vista do lucro.
Na sequência da quebra económica derivada da COVID-19 milhões têm sido injetados nas economias, e meio bilião vai diretamente para indústrias de alta intensidade de carbono. Apenas 12.3 mil milhões vão para indústrias de baixo carbono, e ainda existem 18.5 mil milhões extra para indústrias de alta intensidade de carbono, mediante do cumprimento de objetivos. Isto torna este plano de estímulos ainda menos “verde” do que o que foi usado em 2008.
O egito e o Fundo Monetário Internacional chegaram a um acordo para um novo pacote financeiro no valor de 5.2 mil milhões de dolláres. Este vem na sequência dos já emprestados 2.8 mil milhões de dolláres no passado mês, e 12 mil milhões de dolláres em 2016. Este vem no contexto de programas financeiros por todo o sul global, face às dificuldades apresentadas pela crise económica da COVID19, que continuam a refletir a forte dependência baseada em dívida do Sul Global e países periféricos no sistema capitalista internacional.
António Costa nomeou António Costa e Silva, presidente da Partex Oil and Gas (e ávido apoiante do capitalismo) como conselheiro do Governo para o plano de recuperação económica e social do país. A sua posição política é mascarada nas dezenas de artigos de opinião que publicou, mas esta citação fala por si própria: “O sistema capitalista (…) gera prosperidade e níveis de bem-estar para a maioria e classes médias fortes”
Costa 2.0 garantiu já que o plano não vai incluir apostar no petróleo ou no gás, mas que quer aproveitar os recursos que Portugal tem, ou seja, se não destruir os ecossistemas a explorar petróleo e gás, será a explorar o fundo do mar, ou qualquer outra coisa.
Os níveis de CO2 na atmosfera chegaram a um novo pico este ano, apesar do impacto dos efeitos globais da crise do coronavírus. A queda das emissões para o ano no seu conjunto só deverá situar-se entre 4% e 7% em comparação com 2019. Isso não fará qualquer diferença significativa na capacidade do mundo para cumprir os objectivos do acordo de Paris e para manter o aquecimento global abaixo do limiar catastrófico de 2ºC, segundo os cientistas americanos.
O relatório da Public Health England confirma que pessoas de minorias étnicas são desproporcionalmente impactadas pela COVID-19. Contudo, falha ao não associar estas mortes à exposição elevada destes grupos a elevados níveis de poluição atmosférica, que tem sido cada vez mais ligada a um maior risco de infecção e morte por coronavirus e outras doenças. Este artigo dá a entender, erroneamente, que estas pessoas são naturalmente mais susceptíveis à doença, quando na verdade estão é mais expostas à poluição, a desigualdades no acesso a cuidados de saúde e têm uma representação acima da média em termos de empregos de linha da frente. É, portanto, fácil perceber que este desequilíbrio está muito mais ligado ao racismo estrutural a que estas pessoas são sujeitas do que a questões genéticas.
Foi revelada uma lista dos bancos que vão financiar o projecto de LNG em Cabo Delgado, Moçambique. Prevê-se que o financiamento, que ultrapassa 24 mil milhões de dólares, seja aprovado este mês. Na lista de 19 bancos (há qual, entretanto, poderão ter-se juntado mais dois), destacam-se alguns conhecidos nossos, nomeadamente o Bank of China, o BNP Paribas e o Millenium BCP.
As minas são um local de infecção generalizada com COVID-19, com 4000 mineiros em 18 países a testarem positivo. A indústria mineira a nível global pressionou os governos a declararem a mineração como “actividade essencial” para não ser obrigada a cumprir as restrições da quarentena e tal levou a uma disseminação do COVID-19 entre mineiros e comunidades que vivem perto das mesmas. De acordo com o relatório “Voices from the Ground”, há pelo menos 69 minas a nível global que tiveram surtos da doença (um terço das quais no Canadá), ameaçando os meios rurais e as comunidades indígenas próximas dos locais de operação. A actividade de mineração deve ser travada.
O Conselho Municipal de Minneapolis, onde George Floyd foi assassinado há três semanas, deliberou fechar a polícia de Minneapolis e criar outro sistema se segurança pública, com nove dos dozes membros a garantirem uma maioria para esta decisão. A decisão está enquadrada num esforço maior do movimento Black Lives Matter no sentido de reduzir drasticamente o financiamento e militarização das forças policiais nos Estados Unidos, onde as polícias têm cronicamente os maiores gastos dos orçamentos locais (ultrapassando frequentemente a combinação de gastos sociais, Saúde e Educação). A criação de um novo modelo de segurança pública em que não existem enormes corpos policiais mas sim uma distribuição de tarefas sociais de acompanhamento, habitação, emprego, saúde e educação comunitária faz parte de programas de abolicionismo da cultura do aprisionamento nos EUA.
O Governo de Bolsonaro alterou a semana passada a forma de divulgação dos números acumulados, passando a revelar só os números diários e alterar a hora de divulgação dos mesmos para as 22h, evitando assim os telejornais, com a desculpa que isso revela melhor “o momento do país”.
Entretanto o Tribunal Supremo do Brasil ordenou o regresso à divulgação por números acumulados.
O primeiro-ministro António Costa, que no início do ano anunciava um fortíssimo combate às alterações climáticas agora agradece com um sorriso à empresa de aeroportos Vinci por não ter fechado portas, o que explicará esta insistência absurda no Aeroporto do Montijo.
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O capitalismo sufoca – Andreia Ferreira (Radar Climático | Opinião)
O nome George Floyd correu mundo nos últimos dias. É o nome do homem que foi morto pela polícia do Minnesota, E.U.A., sufocado não só pelo joelho de um agente no seu pescoço, mas por séculos de racismo estrutural e décadas de brutalidade policial. Quando os protestos pacíficos se transformam em motins, a violência, edifícios incendiados, confrontos e pilhagens fazem manchetes e vão polarizando opiniões.
Wrap-up: Contra o Racismo – Resgatar o Futuro
No dia 6 de Junho, a manifestação “Resgatar o Futuro, Não o Lucro” encabeçada pelos coletivos antiracistas sob a iniciativa “Vidas Negras Importam” saiu à rua com milhares de pessoas. Para resgatar as pessoas e o clima, no contexto das várias crises sociais interligadas, precisamos urgentemente de unir as lutas pela justiça social e climática. Em Lisboa, 5 a 7 mil manifestantes desceram a Avenida Almirante Reis e a Rua do Ouro até ao Terreiro do Paço. Houve também protestos com centenas de pessoas em Braga, Coimbra, Faro, Porto e Viseu.