Comunicado: “Anti-corpos” vão ocupar o Marquês de Pombal no dia 5 de Outubro para exigir soluções de emergência

Face à situação de absoluta emergência climática e social, esta acção de desobediência civil em massa, convocada pelo colectivo Climáximo, serve para exigir medidas imediatas de combate à crise climática e à crise social que estamos a atravessar.

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A acção foi lançada pelo Climáximo, colectivo aberto pela Justiça Climática, com o manifesto Nós Somos os Anti-Corpos, subscrito por quase 300 pessoas de várias áreas da sociedade, e foi organizada em assembleias abertas de voluntários. É uma acção de desobediência civil não violenta, com ponto de encontro às 11 horas no Jardim Amália Rodrigues. Os Anti-Corpos vão marchar até ao Marquês de Pombal e utilizar os seus corpos para bloquear a rotunda, replicando algumas das imagens da revolução Republicana de 1910, em defesa da “Res Publica”, a “coisa pública”.

A crise sanitária chegou subitamente no início deste ano e está já a provocar uma enorme crise económica e social: a maior queda do PIB de sempre, 400.000 pessoas desempregadas, sem conseguir pagar rendas, contas ou comida; o Serviço Nacional de Saúde no limite da sua capacidade. Um pouco por todo o mundo, estas crises alimentam o ódio e a divisão entre e dentro dos povos.

Ao mesmo tempo, outra crise continua a crescer e a intensificar-se, prestes a tornar-se irreversível, alimentada pela queima de combustíveis fósseis. Nos últimos meses, as temperaturas atingiram 52ºC em Bagdade, 4,7 milhões de pessoas foram afectadas por cheias no Bangladesh e houve incêndios apocalípticos na Califórnia, onde morreram 29 pessoas e milhares de edifícios foram destruídos. Em Portugal, é uma questão de tempo até se repetir um cenário como o dos incêndios de 2017, onde morreram mais de 100 pessoas. A crise climática já mata 150.000 pessoas por ano, e este número não pára de crescer, estimando-se que chegue a 250.000 já em 2030.

A reacção dos governos consiste em tentar manter vivo o modelo de sociedade que produz estas crises. A União Europeia subsidia Gás, Petróleo e Carvão em 137.000 milhões de euros por ano. Os EUA deram 3.000 milhões de euros às petrolíferas para estas sobreviverem à crise da COVID-19. O Banco Europeu de Investimento emprestou 270 milhões de dólares à Turquia para a construção de um gasoduto.

As nossas sociedades estão doentes. O nosso planeta está doente. A civilização como a conhecemos está fatalmente doente. Esta acção é uma resposta a uma situação de emergência, e tem três Reivindicações de Emergência.

Reivindicamos Neutralidade Carbónica em 2030, porque a ciência nos diz que é isso que tem de acontecer em Portugal, para se atingirem os cortes de emissões globais necessários para evitar o colapso climático irreversível.

Reivindicamos Serviços Básicos Incondicionais, porque para sobrevivermos a estas crises é preciso garantir saúde, educação, habitação, alimentação, energia renovável e transportes de forma gratuita e no sector público, para todas as pessoas.

Reivindicamos um Limite Máximo ao Rendimento, implementado através de um imposto de 99% sobre os rendimentos acima dos 150.000 euros anuais, porque a riqueza astronómica acumulada pelos ultra-ricos tem de ser posta ao serviço da sobrevivência das nossas sociedades.

Como Anti-corpos contra o vírus da maximização do lucro e de todos os sistemas sociais que alimentam a discriminação entre e dentro dos povos, saímos à rua no dia 5 de Outubro para descontaminar a economia e regenerar as nossas sociedades, com uma acção pacífica e disruptiva.

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Mais informações: https://tinyurl.com/anticorpos

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