Voar é a forma mais rápida de fritar o planeta. Como podemos alcançar uma redução da aviação e do seu impacto climático de forma justa?
Com autoria da rede global Stay Grounded, ao qual a ATERRA e mais de uma centena e meia de organizações pertencem, o relatório “Decrescimento da Aviação – Reduzir as viagens aéreas de forma justa” avalia os reais impactos sociais e ambientais da aviação, e põe sobre a mesa passos concretos para reduzir o número de voos e construir um sistema de mobilidade justo e sustentável.
Os dados revelados em “Decrescimento da aviação” são categóricos:
– Entre 1990 e 2010, as emissões mundiais de CO₂ aumentaram 25%; as da aviação aumentaram 70%.
– Hoje a aviação causa entre 5 % e 8 % do aquecimento global, muito mais do que os 2% alegados pela indústria.
– Trata-se de um meio de transporte elitista: 90% da população mundial nunca pôs os pés num avião. Mas são as populações mais vulneráveis do sul global as que mais sofrem com os impactos da aviação.
– Evitar uma crise climática impossível de gerir vai requerer cortar o uso de combustíveis fósseis para metade em menos de 15 anos e eliminar o seu uso quase por completo em 30 anos. Não há alternativa senão reduzir globalmente as viagens aéreas, e devemos aproveitar o atual abrandamento no setor para que cada vez mais aviões fiquem em terra.
A ATERRA e a Stay Grounded propõem vários passos a dar:
1. Reduzir o tráfego aéreo, suprimindo e reduzindo voos de curta distância (como os voos dentro da Península Ibérica) e substituindo-os por viagens em comboio, e proibindo a ampliação de aeroportos (como aquela que se pretende fazer em Lisboa).
2. Eliminar o sistema de privilégios da aviação, com numerosas isenções fiscais que permitem voar a preços baixos e colocam em desvantagem alternativas mais sustentáveis.
3. Fazer as pessoas com mais recursos, cujos hábitos de viagem mais danos causam, financiar a mudança necessária através uma Tarifa sobre Passageiros Aéreos Frequentes.
4. Promover alternativas ao avião, principalmente pelo investimento ferroviário, pondo fim à incúria nos caminhos-de-ferro portugueses e à atual suspensão dos serviços internacionais, e abraçando o entusiasmo pela ferrovia e pelos comboios noturnos que está a ressurgir pela Europa.
O relatório é resultado de uma conferência internacional em julho de 2019 em Barcelona – cidade que, como Lisboa, resiste aos impactos do turismo de massas e viu a população e o governo local insurgir-se contra os planos de aumento do porto e do aeroporto da cidade. A conferência juntou mais de 150 peritos, sem que um só voo tenha sido tomado.
Descarrega o relatório aqui, ou encomenda um exemplar em papel para aterra (at) riseup.net
Encontra o relatório original em inglês e em castelhano aqui.
Mais informações: