Falta de ambição na modernização da linha do Oeste
Já nem a empresa pública CP consegue esconder o desagrado com a falta de ambição do investimento na ferrovia. Até ao final de 2023, a linha do Oeste, correspondente ao troço entre Mira Sintra-Meleças e Caldas da Rainha, irá ser alvo de obras de reestruturação, através de um investimento de 107 milhões de euros. A linha será eletrificada, irá receber sinalização moderna, haverá duplicação da via em 18 quilómetros e serão suprimidas passagens de nível. No entanto, mesmo depois destas obras, o comboio entre as Caldas da Rainha e Lisboa vai demorar mais tempo do que o autocarro.
No final das obras, a IP – Infraestruturas de Portugal – prevê que a viagem de comboio entre Caldas e a estação de Sete Rios, em Lisboa, demore uma hora e 29 minutos em vez de uma hora e 51 minutos, que é o tempo que demora actualmente. Porém, o autocarro faz a viagem mais depressa e mais barata: uma hora e 10 minutos pela Rede Expressos ou uma hora e 15 minutos pela Rodoviária do Oeste. O preço, pela Rede Expressos, é de 8 euros e 10 cêntimos. Pela Rodoviária do Oeste, de 8 euros e 70 cêntimos. De comboio, o bilhete ocasional custa pelo menos 8 euros e 85 cêntimos.
Assim, com esta realidade, torna-se difícil a ferrovia competir com o modo de transporte rodoviário.
O projecto da pipeline Keystone XL vai ser encerrado
A empresa TC Energy, responsável pelo projecto da pipeline Keystone XL, anunciou oficialmente o encerramento do projecto. A construção da pipeline, que iria ligar Alberta, no Canadá, à Costa do Golfo dos Estados Unidos, já estava suspensa desde Janeiro, devido à revogação de uma licença transfronteiriça, por parte do Presidente Biden.
A TC Energy iniciou a construção da pipeline no ano passado e afirma que já tinham sido construídos quase 500 quilómetros de um projecto, cujo valor total rondaria os 8 mil milhões de dólares. No entanto, o projecto não irá avançar mais.
O fim deste projeto vem na sequência de uma luta que se arrastou durante anos, com protestos, desobediência civil e mobilizações civis, inclusive de movimentos indígenas.
Os ativistas pelo clima aplaudiram esta decisão e estão já a apontar setas para o encerramento da “Line 3”, a pipeline no Norte do Minnesota, referida no Radar Climático da semana passada por causa de casos de violência contra mulheres. A “Line 3” foi alvo de vários protestos contra a sua construção esta semana e espera-se, para breve, uma posição da administração Biden em relação ao projecto.
Na Austrália, o governo anunciou os projetos que vão ser apoiados por um novo fundo, para a captura, utilização e armazenamento de carbono, sendo que entre estes projetos, um pertence a uma empresa exploradora de gás, a Santos, e outro pertence a uma empresa de mineração de carvão, a Glencore.
A Santos, afirma que o seu projecto ambiciona armazenar 1,7 mil toneladas de dióxido de carbono. A Glencore, vai desenvolver um processo de captura e armazenamento, numa central elétrica a carvão.
A captura, utilização e armazenamento de carbono tem sido um tema controverso nas políticas públicas da Austrália. Têm sido prometidos milhares de milhões de investimentos, para poucos resultados. O primeiro projecto com impacto significativo na Austrália, a produção de gás liquefeito, em Gorgon, pela Chevron, só começou a funcionar em 2019 e deixou de funcionar já neste ano de 2021.
Globalmente, o método de captura, utilização e armazenamento de carbono, não foi provado como método viável de redução de emissões de centrais elétricas a carvão, e os seus apoiantes afirmam que é um método eficiente apenas em complexos industriais. Tanto a IEA, a Agência Internacional para a Energia, como o IPCC, Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU afirmam que esta tecnologia é relevante para combater a crise climática. Contudo, os críticos dizem que esta tecnologia é uma falsa solução, porque os resultados desta tecnologia só atingem os níveis de emissões que é necessário cortar em 2050, duas décadas depois do que é preciso. Além disso, investir nesta tecnologia retira investimento de outras tecnologias mais baratas e eficazes.
G7 reune-se na Cornualha para reafirmar a sua incapacidade para gerir a crise climática
O G7, correspondendo sensivelmente aos países aliados dos Estados Unidos da América, concluíram mais uma cimeira, desta vez na Cornualha, no Reino Unido. Discutiram assuntos como a gestão da Covid-19, impostos dentro do seu espaço económico, como enfrentar militarmente a Rússia e economicamente a China.
Na discussão referente às alterações climáticas, reiteraram o Acordo de Paris. Ou seja, a continuação de um plano feito para falhar, que aponta a neutralidade carbónica para o ano, já fora do prazo, de 2050. Mas nem os compromissos para essa data são suficientes.
Por exemplo, por um lado falaram da necessidade de deixar o Carvão para trás, mas compromissos efetivos foram rejeitados pelos Estados Unidos e pelo Japão. Sobre o Sul Global, fizeram um compromisso de ajudar financeiramente na transição energética, tentando amenizar a responsabilidade do Norte Global na crise climática e o paradigma de exploração económica.
Face à já esperada inutilidade da cimeira para resolvar a crise climática, o Extinction Rebellion (XR) mobilizou-se. Mais de 1000 pessoas confluíram à Cornualha, onde foram feitas várias ações de protesto. Aproveitando a proximidade do mar para a estética, várias ações perfomativas e marchas decorreram.
Petróleo supera os 70 dólares por barril
Acompanhando o preço de várias mercadorias cujos preços têm subido devido à recuperação económica pós-covid, o petróleo chegou aos 70 dólares por barril, aproximadamente o preço antes da COVID-19. Isto contrasta com o descida até aos 20 dólares no ano passado, tendo sido negociado em valores negativos, em certos mercados de futuros.
Com a vacinação a avançar em vários países, as restrições vão sendo relaxadas e várias atividades económicas esperam voltar à intensidade pré-covid, o que tem gerado a expetativa do petróleo voltar a ser utilizado em grande escala.
Com este regresso ao Business as Usual, confirma-se que uma descida sustentada do uso dos combustíveis fósseis, compatível com a resolução da crise climática, só se pode verificar com uma agenda destinada a tal e não com flutuações económicas.
Vários partidos contestam lei das minas
O PSD, o BE, o PCP, e o PEV pediram a apreciação parlamentar do decreto-lei do Governo que regulamenta a lei das minas. Consideram que o diploma não protege os recursos naturais na exploração de minas, o que inclui o lítio.
Estes partidos consideram que o mesmo tem falta de clareza, atenta contra as populações locais, não contempla como deveria o poder local e abre a porta à destruição, potenciando a violação das áreas protegidas.