Eleições em Portugal com recuperação da direita
A grande surpresa veio de Lisboa, com Carlos Moedas do PSD a destronar Fernando Medina e a acabar com o domínio do PS por mais de 16 anos na Câmara Municipal. Além disso, o PSD ganhou outras câmaras de norte a sul do país, com destaque para Coimbra. A CDU perdeu vários bastiões, enquanto falhou na recaptura de várias câmaras históricas ao PS, como Almada. Destaque para a perda da Moita, que pode deixar o Seixal como a única das autarquias locais que se opõe ao projeto do Aeroporto do Montijo. Já o Chega elegeu vários candidatos em vários pontos do país, mas ficou aquém dos seus objetivos. Finalmente, destaque para Susana Garcia do PSD que emulando um discurso de extrema-direita falhou o assalto à Câmara da Amadora, conservada pelo PS.
Eleições pouco decisivas na Alemanha marcam o fim da era Merkel sem um sucessor claro
Os sociais-democratas do SDP ganharam com uma margem curta as eleições Alemãs, pondo fim às sucessivas vitórias da coligação cristã da CDU, com Merkel a governar durante 16 anos. Depois dos dois partidos tradicionais da Alemanha seguem-se os Verdes e os Liberais, que poderão fazer parte da solução governativa, seguindo-se a extrema-direita da AfD e a esquerda Die Linke.
Para já, não é clara uma solução governativa para o estado mais poderoso da Europa, existindo várias possibilidades de coligação em discussão. Fica assim a dúvida sobre a estabilidade à qual Merkel presidiu, e as suas consequências para a Europa.
Qualquer que seja a combinação que venha a governar a Alemanha, não se espera que apresente um caminho rumo a uma transição energética, apesar das cheias trágicas dos últimos meses, no país.
Greve Climática internacional sai à rua em 99 países
Foi na última sexta-feira que saíram milhares de jovens às ruas. Na Alemanha as mobilizações foram especialmente fortes, com 100.000 pessoas a sair à rua em Berlim. O protesto contou com a presença de Greta Thunberg, que afirmou que não existe nenhum partido político a fazer o suficiente e que, enfatizando a importância do voto, apelou à ação coletiva após as eleições.
No México os apelos foram para que a Pemex, a petrolífera estatal, se descarbonizasse, e no Bangladesh imperou o criticismo à construção de novas centrais a carvão e a gás. Em Portugal, também houve protestos por todo o país, totalizando cerca de 1.200 pessoas nas ruas, com uma mensagem direcionada para a necessidade de se conseguir justiça social para alcançar a justiça climática.
China anuncia que não vai construir novas centrais a carvão noutros países
A China anunciou, perante as Nações Unidas, que não construirá novas centrais a carvão noutros países. Estas têm sido parte do aumento da influência económica da China sobre outros países, influência essa que passa por construir infraestruturas, entre as quais centrais a carvão. Até à data, a China tinha um papel crucial na construção deste tipo de centrais em países como a Indonésia, o Vietnam e o Bangladesh. Estima-se que esta decisão poderá travar a construção de 47 novas centrais a carvão, evitando cerca de 200 milhões de novas emissões de CO2 por ano.
Isto deixa várias questões no ar, como qual o futuro dos projetos ainda em andamento, qual o substituto das centrais a carvão ou qual o futuro do carvão dentro da China. No entanto, a ONG 350.org salienta que isto representa um passo em frente apesar de ser necessário fazer muito mais.
James Brown, o atleta paralímpico que se colou a um avião, condenado a um ano de prisão
James Brown é um ativista britânico que numa ação do Extinction Rebellion se colou a um avião, em 2019, para protestar contra as emissões do setor. Ele é também um atleta paralímpico que conquistou duas medalhas de ouro, no passado.
O Juiz considerou que James Brown usou cinicamente a sua condição física para colocar o plano em marcha, e condenou-o a pelo menos meio ano de prisão efetiva.
Escalada dos preços dos combustíveis antevê inverno tumultuoso
O preço internacional do petróleo está acima dos 80 dólares por barril pela primeira vez em três anos, o índice europeu do carvão atingiu o pico dos últimos 13 anos e o gás quase que triplicou face há um ano atrás. O preço da eletricidade também tem vindo a bater recordes devido à subida das matérias-primas. O principal culpado é a recuperação económica global – o que implica o aumento do consumo de energia – mas também existem outros fatores, como os novos termos contratuais do fornecimento do gás Russo ao centro da Europa e o prolongamento dos cortes de produção feitos durante a fase mais aguda do confinamento económico. Isto já está a ameaçar vários setores de atividade na europa, como a produção de fertilizantes agrícolas e produtos químicos e a produção de aço e alumínio. Para aliviar a situação, discute-se a possibilidade de reativar as explorações de gás fóssil em Groningen, nos Países Baixos, uma zona de exploração que tem como meta o encerramento total em 2023.
Espera-se que esta crise energética venha a ter repercussões políticas na Europa, quando os consumidores tiverem que suportar preços de energia proibitivos. Esta escalada dos preços torna evidente que uma transição energética, focada num aumento dos preços e que espere uma difusão da adaptação ao longo da cadeia de produção, não é viável. Pelo contrário, cria as condições para que as necessidades energéticas só se possam satisfazer recorrendo à extração massiva de combustíveis fósseis.
Trabalhadores exigem reativação da refinaria de Matosinhos a Costa
Os trabalhadores da refinaria da Galp, em Matosinhos, condenam as palavras de António Costa que, durante uma ação de campanha, prometeu dar uma lição exemplar à Galp. Hélder Guerreiro, coordenador dos trabalhadores da Galp Energia, pediu que o PM passasse das palavras à ação e que se quer dar uma lição à Galp terá de readmitir os trabalhadores demitidos e pôr a refinaria a trabalhar novamente.
A empresa mineira Savannah Resources está a avaliar a candidatura ao PRR (Programa de Recuperação e Resiliência) para aplicar às despesas de capital do projeto de exploração no Barroso. A empresa espera retomar o trabalho de campo antes do final do ano e, entretanto, fundou a Associação Portuguesa de Clusters de Baterias com intenção de “maximizar o potencial de Portugal como líder europeu na produção de lítio”.
Com esta saída do maior campo petrolífero dos EUA, A Shell deixa os seus ativos de petróleo e gás em solo estado-unidense, permanecendo em offshore no Golfo do México, onde é a maior produtora individual. Esta medida vai de encontro à redução da produção de crude pelas empresas europeias, que se movem lentamente a caminho das energias não fósseis. No entanto, a Shell reduz as suas emissões, mas a extração de petróleo e as emissões continuam nas mãos de outra empresa.
A mensagem de Insulate Britain “faz sentido”
A campanha de desobediência civil da Insulate Britain continua, e já provocou mais de 350 detenções, enquanto inúmeros ativistas, repetidamente, bloqueiam a M25, uma das estradas mais movimentadas do país. Na segunda-feira, dezenas de ativistas desafiaram a injunção do tribunal superior ao voltarem ao bloqueio. Desta vez, alguns destes ativistas colaram-se ao chão da autoestrada e às barreiras laterais, durante as horas de ponta de segunda-feira. Apesar das críticas às táticas disruptivas dos ativistas, peritos e académicos afirmam que o objetivo do grupo, melhorar a eficiência energética das habitações, tem apoio generalizado. Um estudo do Energy Efficience Infraestructure indica que o custo inicial com a melhoria da infraestrutura habitacional seria suplantado pelos benefícios sociais e económicos que esta traria. Atualmente, o Reino Unido tem um dos piores registos europeus, com cerca de 10 000 pessoas a morrer por ano devido ao frio resultante da falta de isolamento das suas casas, e, para além disso, as emissões dos edifícios são responsáveis por 17% das emissões de gases de efeito de estufa.
“Bla Bla Bla” Greta Thunberg critica líderes mundiais devido à crise climática
Num discurso na Cimeira de Youth4climate na Itália, Greta atacou o estado atual da política climática dizendo “Voltar a construir melhor. Bla Bla Bla. Economia Verde. Bla Bla Bla. Net Zero em 2050. Bla Bla Bla. (…) As emissões continuam a subir. A ciência não mente. A esperança não é BLA BLA BLA. (…) A esperança é partir para a ação. E a esperança vem sempre das pessoas.”
Estudo alerta para perigo de subida de temperaturas devido ao corte das emissões de aerossóis
Os aerossóis são uma fonte de poluição, feitos através de processos industriais, o que inclui a queima de combustíveis fósseis mas, no entanto, devido à sua interação com as nuvens poderão estar a contrabalançar o aquecimento global.
Isto baralha as contas da redução de emissões, resultando que uma redução das partículas de aerossóis poder ser acompanhada por um ligeiro aumento das temperaturas. Este facto coloca em causa o aquecimento de 2ºC projetado para 2050, com o Business as Usual e antecipá-lo para 2040. Isto põe em causa os planos de reduções de emissões, que tentam gerir o aumento de temperaturas nas próximas décadas quando deveriam cortá-las o quanto antes.
Fica exposta a forma como a crise climática é gerida, forçando a revisão constante dos resultados científicos, tendo em vista o alargamento sucessivo dos prazos para a redução das emissões. O que implica um cenário mais negro para a viabilidade do planeta.