Fórum | Que revolução?

No dia 2 de Outubro, na Padaria do Povo, realizámos um fórum aberto sobre “Que Revolução?” sobre o movimento social em geral, o movimento pela justiça climática e tentando responder ao grande tema “Mudar”, com aproximações a algumas teorias revolucionárias e reflexões gerais sobre a sociedade, o movimento e as dificuldades em ver um processo revolucionário a desenrolar-se no curto prazo.

Houve várias intervenções reflectindo a força das narrativas mantidas pelo capitalismo e a sua capacidade de sufocar alternativas que pudessem guiar uma revolução. Algumas pessoas falaram de ecossocialismo e decrescimento como vias possíveis.

A grande questão da revolução enquanto estratégia de mudança teve várias reflexões acerca de como ao longo dos últimos dois séculos os movimentos revolucionários tiveram diferentes estratégias e como, após o fim da União Soviética, tem predominado um modelo de “novos movimentos sociais” em que a ideia de revolução não implica um plano. As intervenções puseram a possibilidade de uma revolução hoje muito mais saída de uma explosão social espontânea do que de uma grande revolução ideológica.

Foi apontada pelos participantes a debilidade de partidos e sindicatos como ferramentas de uma revolução, ajudando a explicar a ascensão dos movimentos sociais como grandes forças políticas, mas sem a coesão e a preparação dos movimentos revolucionários do passado. Sente-se ainda uma falta geral de representatividade na política em si, o que empurra as pessoas para discursos que apregoam o ataque ao sistema (nomeadamente da extrema-direita). As classes mais pobres têm muita dificuldade de participação política, mesmo em movimentos, e há uma camada intermédia, entre as classes médias e as camadas em pobreza, que está à procura de respostas e soluções, que discute revolução, várias revoluções. Algumas pessoas sentem algumas mudanças de conversas, mas em geral aposta-se num processo longo e gradual para a mudança.

Por causa da crise climática, um processo que demore décadas condena à derrota, pelo que é preciso preparar para isso e radicalizar os movimentos. Existirão fenómenos extremos que poderão precipitar momentos de insurreição, e a extrema-direita aproveitará as consequências da crise climática para tentar ganhar o poder, atacando nomeadamente refugiados climáticos, que já são milhões todos os anos. É preciso que uma revolução ataque a causa principal da crise climática: o capitalismo.

Como exemplo de processo de aumento de compromisso e radicalização, o fórum terminou com a apresentação da acção Vamos Juntas, dia 18 de Novembro, na Refinaria de Sines.

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