O CEO da Galp admitiu erros no fecho da Refinaria de Matosinhos e afirmou que no futuro teria que existir uma parceria com o Governo para a reconversão da Refinaria de Sines. O Climáximo considera que a Galp tem que ser plenamente responsabilizada e tem propostas para evitar que os mesmos erros sejam cometidos em Sines e garantir que tenha lugar uma transição verdadeiramente justa.
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Durante a Web Summit, o CEO da Galp, Andy Brown, admitiu erros no processo de encerramento da Refinaria de Matosinhos, nomeadamente sobre como poderia ter lidado melhor com os trabalhadores, afirmando, contudo, que a decisão era inevitável[i]. Afirmou também que, para evitar que uma situação semelhante aconteça em Sines, terá que existir uma parceria com o Governo e serão necessários “incentivos” para levar a cabo o processo de descarbonização na cidade do litoral Alentejano[ii].
Perante a pressão a que tem sido exposta por parte de sindicatos e os comentários do primeiro-ministro sobre a irresponsabilidade da empresa neste processo de encerramento, é expectável esta tentativa de limpeza de imagem e aparência de preocupação. Mas o que é proposto não passa de manter a única prioridade que a Galp sempre teve – a continuidade dos seus lucros – e de relegar a responsabilidade sobre o futuro dos trabalhadores em processos de encerramento futuros e a cobertura das eventuais perdas da empresa à intervenção e investimento do Estado. Mas uma empresa que esteve durante décadas a enriquecer à custa da degradação climática e do esforço dos seus trabalhadores, e que está a absorver fundos para a transição energética, não pode desresponsabilizar-se do futuro daqueles que são afetados pelo encerramento das suas infraestruturas poluentes, pintar-se de verde e passar o testemunho para o Estado.
Para evitar realmente os erros do passado e garantir o necessário corte de emissões, sem deixar os trabalhadores para trás, o Climáximo propõe para a Refinaria de Sines:
- A elaboração de um plano de transição justa baseado num diálogo social que privilegie os trabalhadores e as comunidades afetadas.
- A garantia imediata de emprego público na zona de Sines ou reforma sem perda de rendimentos, para todos os trabalhadores diretos ou indiretos da Refinaria.
- A responsabilização plena da Galp e dos seus acionistas pela transição, nomeadamente:
- Financiando todo o programa de transição.
- Garantindo formação profissional para todos os trabalhadores antes do encerramento da Refinaria.
- Garantindo 100% dos rendimentos dos trabalhadores durante a transição.
As soluções para a crise climática e o futuro dos trabalhadores e do planeta não podem ser deixados nas mãos do capitalismo fóssil e das instituições políticas, que andam de mãos dadas em mais uma Cimeira do Clima, a COP26 em Glasgow, da qual só podemos esperar medidas para a manutenção de um status quo adornado com falsas soluções verdes[iii]. Por isso no próximo dia 18 de novembro, o Climáximo sairá à rua numa manifestação e ação de desobediência civil na Refinaria da Galp em Sines, para exigir o encerramento desta que é a infraestrutura com maiores emissões em Portugal[iv] com um plano real de transição justa, que evite os erros cometidos em Matosinhos.
Climáximo
[i] https://www.dn.pt/dinheiro/ceo-da-galp-diz-que-aprendeu-as-licoes-da-dificil-decisao-sobre-matosinhos-14286015.html
[ii] https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/ceo-da-galp-quer-parceria-com-o-estado-para-reconverter-refinaria-de-sines-803737
[iii] https://www.climaximo.pt/2021/10/30/comunicado-cop26-activistas-portugueses-esperam-mais-um-fracasso-e-apontam-alternativas/#sdfootnote7sym
[iv] https://glasgowagreement.net/pt/inventories/portugal/