A proposta da Endesa, actual detentora de 43,75% do consórcio que gere a central a carvão do Pego, teve a melhor pontuação do júri. O Climáximo, colectivo pela justiça climática, questiona o plano de transição justa da empresa e do governo.
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A actividade da unidade a carvão da central termoeléctrica do Pego, em Abrantes, terminou em Novembro de 2021. Num contexto de falta de planeamento e preparação prévia, o governo garantiu salários por inteiro durante 2022 para todos os trabalhadores (aproximadamente 200 pessoas) que estão a receber formação profissional.
Entretanto os concessionários desentenderam-se sobre o futuro da central e o governo abriu um concurso público.
Agora, a proposta da Endesa, empresa eléctrica espanhola do grupo italiano Enel que detém 43,75% do consórcio que gere a central, teve a melhor pontuação entre seis propostas. O projecto da Endesa envolve fotovoltaicos e parques eólicos a curto prazo e armazenamento com baterias e produção de hidrogénio verde a médio prazo.
O Climáximo, colectivo pela justiça climática, aponta três pontos essenciais neste processo:
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A sociedade civil tinha alertado sobre a falsa solução de biomassa da proposta da Trust Energy, accionista maioritária da central. A relativamente baixa pontuação desta proposta de biomassa é um sinal positivo no sentido de corte real de emissões.
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Se a central não é para encerrar mas para reconverter, conforme as informações partilhadas com o público até agora, então os trabalhadores que neste momento estão receber formação profissional devem permanecer na central depois da formação. O princípio de transição justa, essencial para proteger os direitos laborais, exclui a possibilidade de uma empresa aproveitar a transição como pretexto para despedir trabalhadores enquanto cria novos postos de trabalho. A garantia de emprego aos trabalhadores da central a carvão deve ser um requisito da aprovação do novo projecto.
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Se a região de Médio Tejo vai virar-se para energias renováveis e hidrogénio verde, então deve-se preparar todos os trabalhadores para esta transição. As unidades da central termoeléctrica do Pego que não foram encerradas continuam a produzir electricidade a partir de gás fóssil. O governo insiste em manter gás fóssil até 2040, uma política que garante o caos climático. Uma transição justa compatível com a ciência climática implica encerrar estas unidades durante esta década, o que significa que as empresas Endesa e Trust Energy devem ser obrigadas a dar e facilitar formação profissional nas energias renováveis para todos os trabalhadores do gás fóssil. Uma transição justa exige planeamento e preparação antecipada.
O Climáximo continuará estar presente na luta por um planeta justo e habitável.