Relato: 2º dia da Caravana pela Justiça Climática | 3 Abril

Relatos do que aconteceu a cada dia, por quem está lá.

Entre 2 a 16 de Abril fomos mais de 120 pessoas a participar na Caravana pela Justiça Climática!
Descobre o que aconteceu nos restantes dias no Wrap up Caravana pela Justiça Climática.



Ouviam-se galos ao longe, no lento levantar da alba. Um chá quente e um sorriso de bom dia, gradualmente nos fazia esquecer a noite fria que a Figueira nos trouxe. À medida que o sol subia, o acordar dos sons da cidade manifestavam-se, e nós fomos prosseguindo pelos rituais matinais. Mais um grande dia nos esperava, o segundo desta Caravana pela Justiça Climática.

Numa curta assembleia matinal, encontrámo-nos e dividimos tarefas e responsabilidades para partilharmos durante o dia. Saudámos o dia que nos aguarda e metemo-nos à estrada para mais 26km.

Metemo-nos à estrada para nos confrontarmos com a Central Termoelétrica de Gás da EDP, em Lares; para nos encontrarmos e falarmos com pessoas locais; para questionar, imaginar e debater questões como “O que deveria haver aqui?”: em vez desta Central, que transição justa poderia existir para os trabalhadores desta fábrica que eventualmente fecha e que recuperação é necessária no local em que esta indústria se encontra?

A Central Termoelétrica de Gás da EDP em Lares é a 4a maior emissora nacional

De seguida, metemo-nos à estrada para em Montemor-o-Velho reunirmos com indivíduos e organizações locais para debater o tema “Rio, agricultura, floresta e as gentes: a realidade da crise climática aqui”. Sempre com o Mondego do nosso lado, caminhámos com a leveza da alegria, cantando, conversando e absorvendo a paisagem a cada passo.

Combatendo o cansaço do corpo, debatemos acesamente conceitos como o da “Transição Justa” ou da “Recuperação”.

Que tipo de preocupações ou questões atendemos quando falamos de transição justa? A segurança económica destes trabalhadores? Questões sociais? Uma reflexão mais ampla e macroeconómica? Redução de horas de trabalho para acompanhar o decrescer do consumo e da produção? Um rendimento básico universal? E quando falamos de recuperação, recuperar o quê e para quê? Se pensarmos num outro término vizinho, e reflectirmos sobre a regeneração dos ecossistemas, do tecido social, das comunidades, da economia, da cultura e da governança local, que horizontes vislumbramos?

Em cada local, como em Montemor, escutamos profundamente as visões, experiências e inquietações das pessoas residentes, que nos levam a viajar pelos seus campos e pelas suas lutas.

Cansados, mas repletos de encontros iluminantes e paisagens estonteantes, sentamo-nos em volta de comida maravilhosa e celebramos cada quilómetro, cada rosto, cada gesto partilhado.

Caminhando e dialogando vamos descobrindo pontes de proximidade, força de união, mesmo na diversidade, e um potencial, necessário e cada vez mais nítido, de transformação coletiva.


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