Radar Climático – 20 de Abril

 

Preço da eletricidade baixa graças a renováveis

O megawatt hora (MWh) desceu até ao preço médio diário de 85,19€/MWh, o valor mais baixo desde novembro de 2021. Entretanto, o valor esteve frequentemente acima dos 200€. O resultado deve-se às condições atmosféricas favoráveis, com forte contributo do solar e do eólico, e a produção com recurso a combustíveis fósseis a ser perto de nula. Assim, fica claro que se a capacidade renovável instalada fosse suficientemente alta, nos meses em que a energia dependeu de fontes como o gás fóssil a altos preços, o disparar do preço da eletricidade dos últimos meses teria sido evitado. Este preço só se refere a eletricidade produzida em Portugal; o preço de combustíveis petrolíferos usado, por exemplo, nos transportes mantém-se alto.

Orçamento do Estado 2022 e Crise Climática

Os 3,79 mil milhões de euros para Ambiente e Ação Climática do OE2022 vão ser alocados maioritariamente para “outras funções económicas — administração e regulamentação” (33,8%) e transportes ferroviários (27,3%).

Nos transportes ferroviários está incluída a expansão do Metropolitano de Lisboa e da Metro do Porto, assim como o Programa de Apoio à Redução Tarifária dos Transportes Públicos (PART) e o Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público (PROTransP).

A terceira maior fatia do OE do Ministério do Ambiente está associada ao Plano de Recuperação e Resiliência (347 milhões de euros) e vai para “projetos no domínio da eficiência energética em edifícios, descarbonização dos transportes públicos e energias renováveis e bioeconomia sustentável”.

O Governo vangloria-se de 2022 ser o Ano dedicado à Natureza, alocando 193,5 milhões de euros para questões relacionadas com água, poluição do ar, ruído, resíduos, biodiversidade e conservação da natureza será alocado. Ao mesmo tempo, continuam a aprovar projetos agrícolas, imobiliário-turísticos e industriais que destroem esses mesmos ecossistemas.

Pouco mais de 6% do orçamento será alocado para o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais e para as florestas, no país que mais arde na Europa.

Por fim, informamos que a Lei de Bases do Clima ainda não foi regulamentada e, como tal, o governo não é assim obrigado a demonstrar no OE2022 os planos para cortar as emissões por 10,2% em 2022.

Protestos de Agricultores em Portugal ao longo da semana

Esta segunda-feira, no Fundão, os tratores e máquinas agrícolas saíram à rua em defesa da agricultura e do mundo rural. Em declarações à TSF, o dirigente da Associação Distrital dos Agricultores de Castelo Branco explica que os últimos dois anos foram muito difíceis e o aumento do preço da matéria-prima agravou ainda mais a já frágil situação das pessoas da terra.

A seca, a pandemia e a subida dos preços de fertilizantes – de 390€ para 900€ por tonelada – e de pesticidas – de 60€ para 200€ – deixaram o setor à beira do colapso.

A União de Agricultores do Distrito de Leiria (UADL) está a promover uma concentração de agricultores para esta quarta-feira, dia 20 de Abril, junto ao Mercado de S. Mamede, concelho da Batalha, pelas 10h.

Competição feroz entre multinacionais pode levar a atraso na compra de 117 comboios pela CP

O maior concurso de sempre de comboios em Portugal está a decorrer, tendo atraído 6 principais fabricantes de comboios mundiais (Alstom, CAF, CRRC, Hitachi, Talgo/Siemens e Stadler). Em causa está a fabricação de 117 novas automotoras elétricas para os serviços suburbanos e regional da CP, no valor base de 819 milhões de euros.

No relatório preliminar de qualificação de candidaturas, que foi elaborado pelo júri, foram detetadas irregularidades nas propostas de 5 candidatos, não excluindo nenhuma. Contudo, Stadler quer a exclusão de todos e a CAF quer a exclusão do concurso de quatro concorrentes. As litigâncias entre os concorrentes podem chegar a tribunal e atrasar a compra dos novos comboios.

A Galp aumentou produção petrolífera, cresceu o negócio de refinação e aumentou as margens no primeiro trimestre de 2022

A Galp aumentou em 5% a sua produção de petróleo no primeiro trimestre deste ano, quer em comparação com o mesmo período do ano passado, quer em relação ao trimestre imediatamente anterior. Ao mesmo tempo, o volume de matérias-primas processadas pela refinaria de Sines teve um crescimento de 61% face ao quarto trimestre de 2021 e de 10% em termos homólogos.

É de notar que a margem de refinação da Galp atingiu os 6,8 dólares por barril, valor que compara com 1,9 dólares no primeiro trimestre de 2021.

A UE tem uma sobrecapacidade para importar gás – precisamos de planos reais

Desde a invasão da Ucrânia, surgiram centenas de propostas para novos projetos de gás em toda a Europa. Contudo, um novo relatório da Global Energy Monitor revela que mesmo sem contar com a capacidade de importação através da Rússia, a UE continuaria com uma sobrecapacidade substancial para importações de gás através das infraestruturas já existentes.

A expansão da capacidade de importação atualmente em planeamento – 16 gasodutos em construção, 62 propostas de gasodutos (renascendo o MidCat, que parte passa em Portugal), 4 terminais de LNG em construção e 26 novos – é incompatível com as metas estabelecidas para a UE para 2030 e 2050, metas estas aquém do que é necessário para travar a crise climática.

O impulso para novas infra-estruturas de gás, é acompanhado por um enorme impulso de fechar outros negócios com países tais como o Azerbaijão, o Catar, Arábia Saudita, Arlia e Angola.

Um outra recente investigação – “EU can stop Russia gas imports by 2025” – mostra como o aumento da eficiência energética, eletrificação e aposta da energia solar permite substituir 2 terços do gás proveniente da Rússia, durante os próximos três anos, com a infraestrutura existente a cobrir facilmente o resto.

É urgente uma transição rápida para energias renováveis, o aumento da eficiência energética e uma democratização energética.

Cheias na África do Sul já provocaram 443 mortes e arrasaram quatro mil casas

Chuvas fortes estão a causar inundações e deslizamentos de terras na região da cidade de Durban, na costa leste da África do Sul.

Contam-se já pelo menos 443 mortes, 63 pessoas desaparecidas, mais de 250 escolas afetadas, quase 4 mil casas arrasadas e mais de 13.500 danificadas. Esta cidade portuária de cerca de 3,5 milhões de habitantes, aberta ao Oceano Índico, é a terceira cidade mais populosa do país.

A quantidade de chuva que caiu na segunda-feira, 11 de Abril, foi igual a cerca de 75% da precipitação média anual da África do Sul. Bateu os recordes das cheias, igualmente fora do comum, de 2019 e 2017.

Filipinas sofrem com a primeira tempestade do ano, muitas mais virão em 2022

A tempestade tropical Megi, apelidada Agaton nas Filipinas, é a primeira grande tempestade a atingir o país em 2022. No total, cerca de 139.000 pessoas foram afetadas pela tempestade, tendo sido relatadas mais de 286 cheias em todo o país, 42 mortes, e 17.000 pessoas evacuadas para centros temporários criados pelas autoridades.

A tempestade veio quatro meses após um super tufão ter devastado grande parte da nação do arquipélago, matando mais de 400 pessoas e deixando centenas de milhares sem abrigo.

Os cientistas advertiram que os tufões têm vindo a ficar mais fortes em resultado das alterações climáticas. As Filipinas são um dos países mais vulneráveis aos seus impactos, com uma média de 20 tufões por ano.

Ações de desobediência civil pelo fim de novos projetos fósseis no Reino Unido

Nas últimas 2 semanas, centenas de pessoas no Reino Unido bloquearam 4 pontes em Londres e terminais petrolíferos em 10 locais em todo o país com potencial de abastecimento de combustível a Londres e ao Sudeste. Subiram a petroleiros, prenderam-se a estruturas e bloquearam estradas de acesso. Mais de 600 pessoas foram detidas. O grupo Just Stop Oil, que está afiliado à Extinction Rebellion, exige que se parem quaisquer novos projetos de petróleo e gás.

Entre eleições, Extinction Rebellion França mobiliza-se

Em paralelo com as ações no Reino-Unido, foi bloqueada a avenida de Saint-Denis em Paris com o corpo de várias ativistas e tripés.

Os ativistas estão em protesto contra a falta de metas climáticas de ambas as candidaturas que passaram à segunda volta das eleições presidenciais de França – o incumbente Macron e a candidata de extrema-direita Le Pen.

Crise dos preços faz fortuna de multinacionais alimentares

Desde a invasão à Ucrânia, três membros da família fundadora da multinacional norte-americana de cereais Cargill passaram a integrar a lista das 500 pessoas mais ricas do mundo.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, os preços dos cereais, óleos vegetais e carne atingiram recordes históricos. Os cereais contribuíram com 17 por cento neste acréscimo global devido ao estrangulamento das exportações ucranianas e russas.

Como os jornais britânicos mudaram de ideias sobre as alterações climáticas

Partindo de uma base de dados de mais de 1.300 editoriais este trabalho examina a evolução nos últimos 10 anos da linguagem utilizada para descrever as alterações climáticas causadas pelo homem, bem como as energias renováveis, fracking e energia nuclear.

Uma das conclusões principais é que o número de editoriais que pedem mais ação para combater as alterações climáticas quadruplicou no espaço de três anos.

Destacamos igualmente que embora o número real de editoriais que mais se opõem à ação climática seja pequeno – apenas 9% do total – estes correspondem a jornais de direita e jornais que dominam o panorama mediático do Reino Unido (The Sun, The Daily Mail, The Daily Express, The Daily Telegraph).

Aumento dos assassinatos de residentes rurais no Brasil

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) reportou na segunda-feira que o número de assassinatos e ataques no contexto de conflitos de terra aumentou em 95% e 1,100%, respetivamente, no seu saldo mais recente na área de Roraima.

O relatório anual afirma que no período de 2020-2021, as mortes devido a conflitos aumentaram de 9 para 109; destas, 101 foram vítimas de exploração mineira e estiveram em território Yanomani em Roraima.

O número total de conflitos registados atingiu 1.768, envolvendo confrontos entre proprietários de terras e trabalhadores por terra, água ou outra mão-de-obra.

Acordo de Escazú entra em vigor dia 22 Abril

Este trata-se do primeiro tratado internacional ambiental da América Latina e do Caribe, e o primeiro do mundo a incluir disposições sobre os direitos dos defensores ambientais.

De 20 a 22 de Abril, autoridades e representantes oficiais dos países ligados ao Acordo Regional sobre Acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Matéria Ambiental, conhecido como Acordo de Escazú, irão rever o seu estado de progresso, discutirão estratégias para a sua implementação e os procedimentos para o trabalho da Conferência das Partes (COP).

O Acordo de Escazú foi adoptado a 4 de Março de 2018 e entrou em vigor a 22 de Abril de 2021. Até agora, foi assinado por 24 países e ratificado por Antígua e Barbuda, Argentina, Bolívia, Equador, Guiana, México, Nicarágua, Panamá, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia e Uruguai.

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