Climáximo solidário com as sete mulheres da Extinction Rebellion no Reino Unido, condenadas a 2 anos de pena suspensa por terem partido o vidro do banco fóssil Barclays

Um júri condenou as sete ativistas que partiram os vidros do banco para denunciar os crimes climáticos do Barclays Bank e para sensibilizar a população sobre a crise climática e o papel das instituições financeiras nela. *** O Climáximo solidariza-se com ativistas climáticas que por todo o mundo sofrem uma onda de repressão judicial para garantir a inação política perante a crise climática.

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No dia 7 de Abril de 2021, sete mulheres foram à sede do banco Barclays e cuidadosamente partiram o vidro da entrada do edifício. Cada mulher tinha um cartaz com a frase “better broken windows than broken promises” (antes vidros partidos do que promessas quebradas), numa referência direta ao movimento sufragista no Reino Unido.

O Barclays investiu mais de 167 mil milhões de dólares em combustíveis fósseis desde o Acordo de Paris e continua a ser um dos maiores bancos fósseis no Reino Unido e no mundo (é o 7º banco no mundo com maior investimento em combustíveis fósseis). Em 2021, o banco foi membro fundador da Net-Zero Banking Alliance e depois disso entregou mais de 9 mil milhões de dólares a projetos de combustíveis fósseis, num total de 58 transações. Só 2% do financiamento do Barclays em energia é dedicado às renováveis. Cerca de 80% dos seus clientes não sabem do investimento massivo do banco em combustíveis fósseis.

As arguidas – Rosemary Annie Webster, 64, Cazzie Wood, 53, Gabby Ditton, 28, Lucy Porter, 48, Sophie Cowen, 31, Zoe Cohen, 52 e mais uma mulher – foram acusadas de quase 100 mil libras de danos na sede. Hoje, A Webster, a Wood, a Ditton, a Cohen e mais uma mulher receberam uma pena de 8 meses, suspensa por 2 anos; a Porter recebeu 7 meses e a Cowen 6 meses, também suspensas. Cada uma vai pagar £500 para os custos jurídicos, para qual a Extinction Rebellion já lançou uma campanha de angariação de fundos.

Este é o oitavo processo da Extinction Rebellion UK no tribunal. Três dos processos resultaram em absolvição das ativistas. Algumas semanas antes deste veredicto, a Met Office anunciou que 2022 foi o ano mais quente no Reino Unido desde que há registos.

As ativistas insistem que o verdadeiro criminoso continua a ser o Barclays e os outros bancos que investiram um total de 4,6 biliões de dólares em combustíveis fósseis desde 2016, acelerando o caos climático e ameaçando as vidas de milhões de pessoas.

Uma das arguidas, a ex-professora, Lucy Porter, disse ao júri:

“Nós não estamos acima da lei. Aceito que parti um vidro. Aceito que posso ser condenada, mas não posso aceitar que seja uma criminosa, enquanto empresas como o Barclays continuam a quebrar acordos vinculativos e a causar sofrimento e morte em todo o mundo.

“As crianças que ensinei não consentiram que o seu mundo fosse destruído em nome da extração, destruição e lucro para uns poucos poderosos – ninguém lhes pediu permissão. Não lhes foi dada uma voz ou uma oportunidade de exercerem quaisquer direitos democráticos.”

Em apoio às ativistas, centenas de pessoas marcharam até ao tribunal hoje, vestidas de sufragistas.

No Reino Unido, como na Alemanha e em Portugal, cresce repressão policial e judicial contra o ativismo climático, com os estados a apoiarem a indústria de combustíveis fósseis com os tribunais, a polícia e também via subsídios diretos e indiretos. Esta cumplicidade é cada vez mais visível com as empresas a declararem lucros recordes enquanto o custo de vida para as pessoas comuns continua a aumentar.

O Climáximo está solidário com as “Barclays 7” e com todas as ativistas que colocam os seus corpos na linha de frente para travar o colapso climático e pela justiça climática.


Comunicado da Extinction Rebellion UK – https://extinctionrebellion.uk/2023/01/27/breaking-barclays-7-given-2-years-unconditional-suspended-sentence-for-breaking-glass-during-an-emergency/

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