Climáximo junta-se ao dia global de ação em solidariedade com o Chile e marca protesto frente à Navigator Company, evidenciando a ligação entre os incêndios florestais atuais no Chile com os incêndios florestais em Portugal.
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Durante o mês passado, mais de 430 mil hectares arderam nos incêndios florestais no Chile. Esta é uma área comparável a todo o distrito de Leiria, 450 mil hectares. Lembramo-nos dos incêndios florestais de 2017 em Portugal. Sabemos que, desde essa altura, as monoculturas de eucaliptos não foram convertidas em florestas autóctones ou medidas básicas de segurança foram sequer tomadas. Sabemos que estamos a entrar num ano de El Niño que vai trazer novas ondas de calor para a Europa.
A Navigator Company é a empresa que emite mais CO2 em Portugal. Portugal é o país com maior área de plantações de eucalipto na Europa, em termos relativos a maior área de eucaliptal do mundo. O Chile coberto por enormes áreas de eucaliptal, sendo a 9º lugar a nível mundial (Portugal é a 4ª maior área), um processo de eucaliptização que foi desencadeado pela ditadura da Augusto Pinochet contra as comunidades rurais Mapuche. Mais de 400 incêndios florestais devastaram o Chile em Fevereiro de 2023 e as empresas de celuloses (Arauco, Mininco e CMPC) estão impacientes para agarrar nesta oportunidade de negócio para comprar os terrenos ardidos e expandir ainda mais as monoculturas.
O porta-voz da ação, Sinan Eden, explica o motivo desta ação: “Todas as manhãs, um gestor da Navigator Company acorda e pensa: ‘Como vou transformar um território em dinheiro para os acionistas da minha empresa?’ Todas as noites, um político dorme bem sabendo que está a empurrar-nos para o caos climático. O caos climático está hoje no Chile, onde também está a indústria de celuloses a destruir os territórios. O Chile hoje é a nossa história de ontem e de amanhã.”
O dia global de ação foi convocado pela plataforma This is Our Story, que em Setembro de 2022 lançou ações de solidariedade com as cheias do Paquistão.
A ação vai ter lugar frente à sede da Navigator Company, na Avenida Fontes Pereira de Melo em Lisboa, no dia 24 de Março, sexta-feira, às 17h00.
Mais informações:
climaximo.pt
this-is-our-story.org
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/s/esta-e-a-nossa-historia-chile-/254776406878936/
É lastimável este tipo de artigos. A área que arde não é só eucaliptos. É sim de florestas deixadas ao abandono e que não são limpas e tratadas. Também é difícil exigir que se trate da floresta quando se limita, e muito, a plantação de espécies rentáveis ao madeireiro. Não seria de esperar que as pessoas terem de tirar do seu próprio bolso para tratar as florestas, quando poderiam tê-las rentabilizadas e consequentemente não deixadas ao abandono. Vivemos num país irracional e comunista que não quer o bem mas sim acabar com tudo!!!! Uma vergonha.
Olá,
Obrigado pelo comentário.
A ligação entre a crise climática e as monoculturas de árvores é bastante clara em Portugal e no Chile. Neste artigo, há mais informações interessantes sobre o contexto específico do Chile: https://www.opendemocracy.net/pt/incendios-florestas-chile-alem-mudancas-climaticas/