Esta declaração foi escrita por sindicalistas e ativistas pela justiça climática, reunidos em Lisboa nos dias 22-25 de novembro por iniciativa da campanha Empregos para o Clima e da Fundação Rosa Luxemburgo. O texto foi lançado na sessão de encerramento dos IV Encontros Internacionais Ecossocialistas.
A cimeira do clima em Katowice não serve. Os trabalhadores precisam de mobilizar-se para exigir uma transição justa.
Políticos e empresários reunir-se-ão em Katowice, Polónia, de 3 a 14 de dezembro, para mais uma cimeira sobre o clima, a COP-24, para discutir a acção climática global.
Primeiro, eles irão culpar os governos negacionistas das alterações climáticas de direita, que ameaçam abandonar o acordo de Paris. Então, irão escrever e assinar mais documentos.
Os tratados e acordos internacionais envolvem sérias sanções para países que desejem sair ou quebrar os acordos. Sabemos isto porque o temos visto acontecer recentemente com acordos internacionais de comércio. Em contraste, sabemos o quão inconsequente é sair do Acordo de Paris, já que o acordo não acarreta quaisquer sanções. Mas também sabemos o quão inconsequente é permanecer no Acordo de Paris, com as suas metas voluntárias e não vinculativas que, mesmo se cumpridas, nos empurrarão para uma mudança climática descontrolada.
O capitalismo não será a sua própria cura. A solução para a crise climática tem que vir de baixo.
Os governos de todo o mundo devem lançar imediatamente programas de transição justa para se mudar para uma economia pós-carbono. No entanto, em Katowice, como em todas as vinte e três cimeiras anteriores, os governos vão falar sobre o que deve acontecer em 2030 ou 2050, em vez de fazerem compromissos concretos para 2019 e 2020 (isto é, quando estão realmente no poder).
Neste momento, não há transição energética (justa ou injusta) em curso que chegue perto de limitar o aquecimento global em 2º C, como sugerido pelo acordo de Paris. O business-as-usual (continuar como de costume) fornece apenas uma transição para o caos climático.
Isso significa que os trabalhadores devem tomar o assunto nas suas próprias mãos e lutar por uma transição justa nos seus termos. Precisamos de alcançar a justiça social e climática ao mesmo tempo, porque essa é agora a única maneira de ganhar qualquer uma delas.
Nós exigimos
- programas de formação em energias renováveis e empregos de eficiência energética para quem trabalha nas indústrias de combustíveis fósseis, a serem lançados imediatamente,
- controle público e democrático sobre o sector da energia,
- investimento nos transportes públicos e colectivos nas cidades, assim como nas ligações entre cidades e países,
- investimentos maciços e empregos em sistemas de energias renováveis,
- o fim de todas as guerras, bem como da produção e venda de armas,
- racionalizar e localizar linhas de produção, distribuição e consumo baseadas em necessidades humanas, em vez de lucro.
Não esperamos nada dos corredores da COP24.
A nossa esperança é baseada unicamente nos coveiros do capitalismo. Convidamos as e os trabalhadores do mundo inteiro a mobilizarem-se para defender um planeta habitável e a civilização, e a lutar por uma transição justa nos seus locais de trabalho, nas suas comunidades e mais além.
Para assinar a declaração: https://actionnetwork.org/petitions/the-climate-summit-in-katowice-wont-do-the-workers-must-mobilize-to-demand-a-just-transition/
This declaration was written by unionist and climate justice activists, gathered in Lisbon in November 22nd-25th by the initiative of the Climate Jobs campaign in Portugal and the Rosa Luxemburg Foundation. The text was launched at the closing session of the 4th International Ecosocialist Encounters.
The climate summit in Katowice won’t do. The workers must mobilize to demand a just transition.
Politicians and businessmen will gather in Katowice, Poland, on December 3-14, for yet another climate summit, COP-24, to discuss global climate action.
First, they will blame climate denialist right-wing governments who threaten to leave the Paris agreement. Then they will write and sign more papers.
International agreements and treaties can carry heavy sanctions for countries who wish to leave or break them. We know this because we have seen it happen recently with trade agreements. In contrast, we know how unconsequential it is to leave the Paris agreement, as the agreement carries no sanctions. But we also know how unconsequential it is to remain in the Paris agreement, with its voluntary, not binding emission targets which, even if kept, would still push the planet to runaway climate change.
Capitalism will not be the cure to itself. The solution to the climate crisis has to come from below.
Governments from all around the world must launch just transition programmes immediately, to move to a post-carbon economy. However, in Katowice as in all the previous twenty three summits, governments will talk about what should happen in 2030 or 2050, rather than concrete commitments about 2019 and 2020 (that is, when they are actually in power).
At the moment, there is no energy transition (just or unjust) in course that comes anywhere close to limiting global warming by 2ºC as suggested by the Paris agreement. Business-as-usual provides a transition to climate chaos only.
This means that the workers must take the matter in their hands and fight for a just transition in their terms. We need to win social and climate justice at the same time, because that is now the only way to win either one.
We demand
- training programmes on renewable energy and energy efficiency jobs for all workers in the fossil fuel industries, to be launched immediately,
- public and democratic control over the energy sector,
- investment in public and collective transport in the cities as well as connecting cities and countries,
- massive investment and jobs in renewable energy systems,
- an end to all wars as well as arms production and sale,
- rationalizing and localizing production, distribution and consumption lines based on human needs rather than profit.
We expect nothing from the halls of COP24.
Our hope is based solely on the gravediggers of capitalism. We invite the workers of the world to mobilize to defend a liveable planet and the civilization, and fight for a just transition in their workplaces, in their communities and beyond.