O Climáximo, coletivo pela justiça climática, lembra que para cumprir a meta de limitar o aquecimento global a 2ºC é necessário reduzir a aviação, e denuncia o acordo que o governo assinou com a ANA para o novo aeroporto no Montijo.
No passado 9 de janeiro, numa cerimónia que contou com a presença do Primeiro-Ministro, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, o Chairman da ANA – Aeroportos de Portugal e os responsáveis da Vinci (a empresa que vai construir o aeroporto), foi assinado um acordo para um novo aeroporto na base aérea 6 no Montijo, quando nem sequer foi entregue ainda o Estudo de Impacto Ambiental sobre o projeto.
De acordo com as previsões oficiais, este projeto pode significar 1,15 mil milhões de euros investidos até 2028 na crise climática e na destruição planeada da cidade de Lisboa pelo turismo em massa. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas alerta que, para evitar um caos climático irreversível, as emissões de gases com efeito de estufa a nível mundial devem ser reduzidas para metade até 2030.
O Climáximo, coletivo pela justiça climática e membro da rede internacional “Stay Grounded”, sublinha que já existe um parecer negativo do estudo de impacto ambiental do projeto do novo aeroporto em Montijo: chama-se ciência climática. Não é possível apontar para a neutralidade carbónica em 2050 e ao mesmo tempo visar 50 milhões de passageiros anuais nos aeroportos de Lisboa e Montijo (o dobro do número atual).
Para termos uma hipótese de manter condições físicas para a civilização, precisamos de:
– acabar com a dependência excessiva das formas de transporte mais poluentes e prejudiciais ao clima, impulsionadas por uma economia corporativa globalizada;
– uma mudança para outros meios de transporte mais ecológicos, como comboios; e
– desafiar as normas sociais e do local de trabalho que incentivam viagens aéreas excessivas, e questionar o crescente hábito de viajar para regiões longínquas, viagens aéreas de fim de semana e turismo em massa, que prejudicam culturas e ecossistemas locais.
Para concluir, precisamos de fortes compromissos políticos e coerência entre palavras e ações. Se o governo não nega a ciência climática, este projeto não pode avançar.
Climáximo
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