Já lá vão 5 anos desde a assinatura do Acordo de Paris, e é cada vez mais óbvio que se pode declarar o óbito graças às muitas ações e inações de governos como o português.
O Ministério das Infraestruturas e da Habitação é um dos que leva a taça para casa nesta liga dos últimos pela destruição climática.
Vejamos se cumpriu a checklist:
Expansão do Porto de Setúbal com dragagens no Sado a destruir vida marinha e aumentar emissões de transporte marítimo? ✔.
Expansão do Porto de Sines com aumento importação de gás fóssil? ✔.
Expansão dos aeroportos de Lisboa e Porto? ✔.
Lançamento de um NOVO aeroporto, em plena crise climática? ✔✔.
O Ministério do Ambiente é o centro do colossal falhanço da participação portuguesa no Acordo de Paris.
- Desde a tentativa de esburacar o solo e o fundo dos mares em busca de combustíveis fósseis – só travada pela mobilização dos movimentos sociais.
- O lançamento do desastroso projeto do novo aeroporto no Montijo.
- A inação geral para reduzir as emissões. Inação que quando é superada tem sempre como primeiro fim encher os bolsos dos grandes interesses negociais. (como no caso da recente agenda do hidrogénio).
Este “Ministério do Ambiente e da Ação Climática” está reduzido a uma agência de negócios, dedicada a atribuir falsas credenciais verdes a um leque projetos desastrosos.
Este Ministério do Ambiente não é compatível com o objetivo de limitar o aquecimento global abaixo dos 1,5 graus, ou seja, não é compatível com preservar um planeta digno onde viver.
Já face à crise sanitária e económica provocada pela COVID19, tornou-se evidente que a ação governamental em grande escala para a resolução de crises é possível.
Milhões para empresas, apoios a fundo perdido, apoios à manutenção de setores, compensações por quebras na faturação, a garantia dos interesses à banca. Os apoios anunciados pelo Ministro da Economia Pedro Siza Vieira são inúmeros e musculados.
Finalmente a iniciativa e o dinheiro surgiram, mas não para resgatar-nos da economia fóssil. Surgiu para resgatar a velha economia que conhecemos e da qual estamos fartas, baseada no lucro acima de qualquer outro critério – até mesmo o de um planeta digno. Business as usual
Mas a culpa também anda no ar.
1% da população mundial causa metade das emissões globais da aviação. Numa década em que temos que reduzir a metade as emissões globais, expandir a aviação é uma decisão criminosa e sabemos quem são as organizações responsáveis. É preciso acabar com esse crime contra a humanidade e garantir uma transição justa na aviação.
Em Portugal, a ANA é responsável directa pela expansão deste sector, que garantirá que futuras gerações continuarão a pagar os crimes premeditados de quem hoje dirige empresas como a ANA Aeroportos. É preciso travar a ANA para impedir a expansão dos aeroportos.
O Acordo de Paris, assinado por 196 países é um acordo não vinculativo, desenhado e destinado a falhar. Seguindo o caminho levado ao longo destes 5 anos a temperatura média do planeta deverá aumentar mais de 3º. Será a catástrofe!
A solução para a crise climática necessita de:
1️⃣ Uma democracia energética pública e 100% renovável para todas as pessoas
2️⃣ a reparação garantida das comunidades e ecossistemas afectados por projetos de combustíveis fósseis
3️⃣ uma transição justa para os trabalhadores da indústria fóssil
A 12 de dezembro de 2020, coincidindo com o 5º aniversário do acordo, em vários países vai-se sair à rua em ações de desobediência civil e em manifestações, para marcar o fim da nossa confiança nos processos institucionais e iniciar uma alternativa popular.
Em Lisboa, saíremos à rua numa Marcha para o Enterro da Acordo de Paris, desde o Jardim do Príncipe Real até à Assembleia da República, passando pelo Ministério do Ambiente.
#FightForOnePointFive