Radar Climático – 24 de Março

Shell e Yara desistiram de projetos de produção de adubos e combustíveis em Moçambique

Max Tonela, ministro dos Recursos Minerais e Energia de Moçambique, avançou que as duas empresas abandonaram os projetos de produção de fertilizantes e combustíveis com base no gás fóssil, porque o preço de venda que projetaram inicialmente veio a mostrar-se inviável para os investimentos.

Tonela enfatizou que o abandono dos projetos daquelas duas empresas não vai parar a determinação do Governo moçambicano de usar a quota de gás do Rovuma que cabe ao mercado doméstico.

Indústria do petróleo sabe há pelo menos 50 anos que a poluição que causa é má para a saúde

O jornal “The Guardian” teve acesso a relatórios e outros documentos internos que mostram que na década de 60 as empresas da indústria petrolífera já sabiam que a queima de combustíveis fósseis tinha impactos significativos na saúde humana. Mesmo assim continuaram a negar essa relação em público e a lutar contra medidas que reduzissem a poluição atmosférica.

Um relatório interno da Imperial Oil (uma subsidiária da Exxon), de 1967, aponta que a indústria do petróleo é “um grande contribuidor das principais formas de poluição”. Este relatório técnico ia mais além: alertavam que o dióxido de nitrogénio pode causar danos nos pulmões e previam que no futuro haveria “um clamor para reduzir esse tipo de emissões, provavelmente baseado nos efeitos crónicos que pode causar [na saúde humana] a longo prazo”.

Investigadora Brasileira forçada a abandonar o país após intimidações

Larissa Bombardi, colunista da Rádio Brasil Atual e investigadora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, publicou uma extensa carta aberta em que relata ataques ao seu trabalho, sobretudo após a publicação do seu atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”. As intimidações, além de outros motivos pessoais, fizeram-na decidir deixar o Brasil.

Esta relata que as intimidações se avolumaram após a maior rede de supermercados orgânicos da Escandinávia ter boicotado produtos brasileiros, a partir do conhecimento do conteúdo do Atlas. Um dos que a atacaram devido às suas investigações foi o agrónomo Xico Graziano, ex-deputado federal pelo PSDB e apoiante desde cedo do governo Jair Bolsonaro.

Austrália assolada por cheias que forçam o deslocamento de 18.000 pessoas

Com a zona de Nova Gales do Sul no epicentro da catástrofe climática, dezenas de áreas foram declaradas zonas de desastre. As chuvas deixaram um rasto de destruição desde os subúrbios de Sidney até zonas mais a norte. Consta que este tipo de cheias excede qualquer evento do género desde há 5 ou 6 décadas. Pouco mais de um ano passado desde os fogos florestais que devastaram a Austrália, um desastre natural com poucos precedentes volta a assolar o país.

Secas na Europa são as piores em 2.000 anos

Um estudo da Nature Geoscience sugere que as ondas de secas que têm vindo a assolar a Europa desde 2014 são as mais extremas desde há 2.000 anos. Os resultados foram obtidos do estudo dos anéis de árvores.

Como consequências, estas ondas de calor têm tido consequências devastadoras, como milhares de mortes prematuras, a destruição de colheitas e fogos florestais. Rios navegáveis chegaram a ter o tráfego impedido e o arrefecimento de centrais nucleares tem sido afetado.

Com a tendência atual, é esperado que este tipo de fenómenos se intensifique. Como culpado, são apontadas as alterações climáticas provadas pela ação humana.

Sede da Greenpace em Madrid vandalizada com insultos e simbologia Nazi

Na última sexta-feira, a sede da Greenpeace em Madrid apareceu vandalizada com insultos, suásticas e símbolos dos falangistas – os fascistas espanhóis.

Em comunicado, esta afirma que “a atual degradação da calamidade democrática faz parte de uma tendência mundial, que tem como resultado uma redução do espaço de diálogo social e um aumento de atitudes, discurso e práticas autoritárias que põem em causa os coletivos mais vulneráveis e as organizações de defesa dos direitos humanos”.

Estudantes de todo o mundo protestaram contra as alterações climáticas na última sexta-feira

Estudantes de todo o mundo voltaram esta sexta-feira a manifestar-se com o intuito de alertar para a crise climática. Em Portugal, várias ações aconteceram, em formatos físico e online. Em Lisboa, aconteceu uma manifestação desde a Praça José Fontana e o Martim Moniz, onde no final foi exibida uma tela com o tempo decrescente para resolver a crise climática, que se situa um pouco abaixo dos 7 anos neste momento.

Manso Neto, depois de sair da EDP devido a um caso judicial, vai para CEO da Greenvolt

O antigo gestor da EDP Manso Neto vai ser CEO da Greenvolt, a subsidiária para as energias renováveis da Altri, uma empresa mais conhecida pela produção de pasta para papel.

A Altri “tem atualmente em funcionamento cinco centrais de produção de energia termoelétrica a partir de biomassa florestal, com cerca de 97 MW de potência instalada”.

Notícias sobre aviação

José Luís Arnaut, chairman da ANA, defende compensações pelas perdas da pandemia

José Luís Arnaut, que além de chairman da ANA foi antigo quadro do PSD e gestor da Goldman Sachs, deu uma entrevista pública em que reclama para a ANA, empresa gestora dos aeroportos de Portugal, compensações via dinheiros públicos para fazer face aos danos causados pela pandemia no negócio.

Além disto, este já se tinha mostrado um forte entusiasta do aeroporto do Montijo, tendo também nesta entrevista falado do assunto. Considera que o poder de veto das autarquias locais que travou o projeto no Montijo já deveria ter sido retirado.

Sobre questões ambientais afirmou: “Faremos parte da solução. Não somos parte do problema.”

Gás fóssil, queima de árvores, e transporte aéreo catalogados como sustentáveis ou transitórias pela UE

Num vazamento de informação sobre as regras de financiamento da União Europeia, é revelado que estão a ser feitas enormes concessões a indústrias poluentes.

Após o lobbying intenso, várias indústrias deverão beneficiar de um estatuto privilegiado em termos de investimentos com fundos públicos.

Estas regras que era suposto ser a referência em termos de investimentos verdes deixa assim passar investimentos que alimentam o caos climático. Foram incluídas novas categorias de formas combinadas de geração de energia, o limiar das poupanças derivadas do hidrogénio foi baixado, e o grau de exigência a explorações florestais foi tornado redundante. Já a aviação foi colocada na categoria de transacional.

Espanha trava comboios internacionais e deixa Portugal isolado

María José Rallo, secretária-geral dos Transportes e Mobilidade de Espanha, anunciou na semana passada no parlamento espanhol que os comboios noturnos que cruzavam a Península Ibérica antes da pandemia não deverão voltar aos carris. Motivo: a alta velocidade tem tempos de viagem tão competitivos que já não se justifica manter comboios que demoram uma noite a ligar duas cidades. E, com esta posição, Portugal fica isolado do resto da Europa em termos de ligações ferroviárias, e entregue ao transporte aéreo para ligações internacionais.

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