No dia 21 de outubro de 2021, o Climáximo coorganizou um fórum de discussão com a Casa da Horta, no Porto, cujo tema central foi o que precisamos de mudar para diminuir a nossa pegada ecológica.
O evento começou com uma breve partilha das motivações de cada um dos participantes, que serviram de ponto de partida para alguns dos tópicos discutidos. Entre eles, a importância de sensibilizar os estudantes para o impacto da agropecuária no ambiente. Apesar de a conservação da natureza estar no programa de ciências, não é um tema devidamente aprofundado, cabendo aos professores a tarefa de explorar os tópicos que consideram pertinentes. Aliada a esta preocupação, surgiu a utilização do termo “sustentabilidade” como apenas mais uma palavra sonante, que não remete para a ação, uma vez que as pessoas e empresas em geral não agem sobre o conhecimento que têm (sintoma de dissonância cognitiva?). Em linha com esta intervenção, um dos participantes defendeu que “ser sustentável É decrescer”, apontando o dedo às empresas pela falta de responsabilidade social e ambiental. Acrescentou, ainda, que os cidadãos devem pressionar os poderes instituídos e que o Estado tem de intervir para facilitar a transição justa das pessoas e das empresas.
“Pensar global, agir local” foi o mote para uma nova discussão sobre o poder das comunidades. Em vez de apostar em ações globais, consideradas ineficientes por alguns, é possível atingir mudanças mais palpáveis com ações locais – deu-se o exemplo de comunidades que conseguiram criar jardins no deserto ou salvar espécies da extinção. São necessárias ações disruptivas criativas, como uma em França: após uma decisão de proibir a venda de Roundup ter sido revertida pelo poder dos lobbies, um pequeno grupo foi a todos os supermercados da cidade e tirou as tampas às embalagens para não poderem ser vendidas. Não foi uma ação ilegal, mas irritante e eficaz, uma vez que as superfícies deixaram de querer vender o produto.
A seguir, mediante a afirmação de que os produtos poluentes existem porque há quem os consuma, falou-se do investimento das indústrias em publicidade, para criar novos mercados e necessidades. Por exemplo, as maçãs que não cumprem os requisitos de venda na Europa são vendidas em África, onde não há necessidade de consumo de maçãs porque há uma abundância de outras frutas locais. No entanto, através da publicidade, as empresas convenceram a população local de que quem comprava e consumia maçãs adquiria um estatuto social superior.
Por fim, dois participantes estrangeiros referiram como Portugal é visto como o país das queimadas e como as queimadas afetam a qualidade de vida das populações locais. Num fórum pautado pela vontade de agir dos participantes, ficou a promessa de uma nova reunião para planear uma ação local contra as queimadas.
O primeiro passo para a mudança é encontrar pessoas que pensam como tu. Se pensas como nós e queres responsabilizar a infraestrutura mais emissora de Portugal, participa na ação do próximo dia 18 de novembro, na refinaria da Galp, em Sines. Mais informações em www.climaximo.pt/vamos-juntas. VAMOS JUNTAS!