Rússia invade Ucrânia, Ocidente responde com várias sanções económicas e apoio militar
– Militarmente
A Rússia entrou por território Ucraniano e agora tenta capturar a capital Kiev e outras cidades principais, como Kharkiv, estando a tentar cercar essas cidades e forçar a rendição. Alguns analistas apontam que as forças invasoras esperavam menos resistência.
– Configuração Política na Europa
A Alemanha parece estar a abandonar a política de sub-investimento militar das últimas décadas e anunciou um aumento das despesas militares. A Finlândia e a Suécia – membros da União Europeia mas não da NATO – mostraram vontade numa aproximação à aliança militar do Atlântico Norte, num processo que pode culminar na sua adesão a esta.
Surgiram várias sanções como congelamento de ativos financeiros e restrições a viagens. No entanto, o destaque vai para o bloqueio do SWIFT – um sistema de informação bancária internacional. Teoricamente, isto poderia significar uma exclusão da Rússia do sistema de pagamentos internacional, mas esta exclusão terá apenas efeitos simbólicos. Quem deverá sentir mais o impacto da exclusão serão os pequenos negócios e pessoas comuns, as grandes empresas de combustíveis fósseis – a espinha da economia Russa – deverão contornar facilmente as consequências desta medida. Vários países da Europa estão a destacar forças militares para estados da NATO nas imediações da Rússia e Ucrânia, e estão publicamente a enviar armamento para o governo Ucraniano.
Como já falado na semana passada, a validação do novo gasoduto Nord Stream 2 foi bloqueada pela Alemanha. Mesmo mantendo as compras de gás à Rússia, existe uma mudança no sentido da política energética europeia. Ficam agora dois grandes caminhos possíveis: diversificar as fontes de energia fóssil, mantendo as emissões, ou investir numa transição energética abrangente que permita deixar os combustíveis fósseis para trás. As compras de gás russo estão em alta.
Gasoduto MidCat volta a estar em cima da mesa
António Costa não perdeu a oportunidade para lembrar que a UE deve considerar “o aumento das interconexões entre Portugal, Espanha e França como “absolutamente decisivo para aumentar significativamente a segurança energética da Europa”.
O MidCat Pipeline, que ligaria a significativa capacidade de importação de gás natural da Península Ibérica ao mercado mais amplo da UE através da França, ressurgiu como um ponto de interesse para a UE e até para a NATO.
Juntos, Espanha e Portugal possuem oito terminais de importação de GNL capazes de receber hoje volumes mais expressivos. No total, esses terminais equivalem a uma capacidade nominal de importação de aproximadamente 76 mil milhões de metros cúbicos por ano. Porém, este potencial está principalmente confinado à própria península, por falta de interconexões com o sistema francês.
E assim, Sines e LNG voltam à agenda
Para operacionalizar o MidCat, seriam cruciais portos na Península Ibéria para receber o gás que chega por mar que depois transitaria para o centro da Europa. João Galamba chegou-se logo à frente para apontar Sines como um possível ponto recetor de gás através de Portugal. Vários portos espanhóis também têm sido apontados como possíveis pontos de viagem do gás.
Divulgado novo o relatório de IPCC
O IPCC lançou a 28 de fevereiro, o esperado relatório que afirma que as ações humanas estão a causar perturbações perigosas e afirmam que a janela para garantir um futuro habitável se está a fechar. “O colapso do clima está a acelerar rapidamente, muitos dos impactos serão mais severos do que o previsto e há apenas uma pequena chance de evitar os seus piores estragos”, diz relatório.
No que alguns cientistas chamaram de “o alerta mais sombrio até agora”, o relatório resumido da autoridade global em ciência climática diz que secas, inundações, ondas de calor e outros climas extremos estão a acelerar e a causar danos crescentes. Como consequências de um aumento médio global da temperatura para além dos 1,5 Cº, o relatório aponta para o derretimento de calotes polares e glaciares e um efeito em cascata pelo qual incêndios florestais, a morte de árvores, a secagem de turfeiras e o degelo do permafrost libertam emissões adicionais de carbono, amplificando ainda mais o aquecimento, não ficando nenhuma região do planeta habitável.
O relatório de avaliação é o sexto desde que o IPCC foi convocado pela ONU em 1988, e pode ser o último a ser publicado enquanto ainda há alguma chance de evitar o pior; a crise climática também tem o poder de agravar problemas como fome, doenças e pobreza, deixa claro o relatório. Dave Reay, diretor do Instituto de Mudanças Climáticas de Edimburgo da Universidade de Edimburgo, diz: “Como levar uma bola de demolição a um conjunto de dominós globais, as mudanças climáticas no século XXI ameaçam destruir os fundamentos da segurança alimentar e hídrica, esmagar avante através as estruturas frágeis da saúde humana e dos ecossistemas e, por conseguinte, abalar os próprios pilares da civilização humana”.
Novo relatório sobre gás e novos gasodutos
De acordo com uma nova pesquisa do Global Energy Monitor (GEM), uma expansão maciça da rede global de gasodutos ameaça as metas climáticas e cria um risco de ativos de 485,8 mil milhões de dólares americanos. Após uma queda relacionada ao COVID-19 nos comissionamentos de gasodutos em 2021, a indústria de gás e os países favoráveis ao gás, liderados pela China, índia, Rússia, Austrália e Estados Unidos, avançam com planos de comissionar dezenas de milhares de quilómetros de gasodutos em 2022.
Ao mesmo tempo, a Agência Internacional de Energia alerta que o uso de gás deverá atingir o pico nos próximos anos e que o mundo deve fazer a transição rápida de combustíveis fósseis para renováveis. Para 2021, a pesquisa do GEM descobriu que cancelamentos e atrasos em algumas partes do mundo foram compensados por rápidas expansões em outros lugares, principalmente nos países asiáticos, perpetuando um perigoso status quo incompatível com o cenário líquido-zero de 1,5 ºC da Agência Internacional de Energia (AIE).
Fiequimetal volta a apresentar retorno contraproducente aos combustíveis fósseis
Um mês depois de ter abordado o tema em conferência de imprensa, a Fiequimetal, apresenta as consequências do aumento dos preços da eletricidade e insiste na reabertura das centrais de Sines e do Pego, como contributo para travar esta subida. Uma medida que seria contraproducente até sob o ponto de vista dos preços, dado o custo atual de produzir energia com combustíveis fósseis.
Ataque noturno ao controverso local do gasoduto canadiano
Acredita-se que até 20 pessoas tenham atacado o acampamento de construção de gasodutos da Coastal GasLink na semana passada na Marten Forest Service Road, na Colúmbia Britânica.
A polícia divulgou um vídeo de ataque a equipamentos de trabalhadores no acampamento da Coastal GasLink, um oleoduto de 400 milhas, contra a oposição de grupos das Primeiras Nações – comunidades indígenas -, vídeo que constitui imagens de atacantes a destruir máquinas com machados.
Parece que os atacantes pintaram com spray a janela do veículo e detonaram o que se acredita ser uma pistola de sinalização. O grupo terá também sequestrado máquinas pesadas, usando-as para destruir edifícios e uma plataforma de perfuração. A empresa estimou que o custo dos danos foi em milhões de dólares.
Os poucos trabalhadores do acampamento foram escoltados para veículos por guardas de segurança e levados para um local seguro, não tendo havido feridos no ataque
Suíça em risco de ir para a lista negra de lavagem de dinheiro da UE
Após o Guardian e outros meios de comunicação publicarem uma investigação sobre a fuga como parte do projeto de segredos de Credit Suisse, três grupos políticos que representam a maioria dos deputados do Parlamento Europeu apoiam a possível inclusão da Suíça numa lista da EU de países de alto risco de lavagem de dinheiro e crimes financeiros (ao lado do Irão, da Síria e da Coreia do Norte), já que a reação à fuga de informação do Credit Suisse continua a repercutir-se no mundo.
O porta-voz de assuntos económicos da Renew Europe, Luis Garicano, diz em declarações: “A investigação dos segredos do Credit Suisse sugere sérias deficiências no sistema bancário suíço, que levantam graves preocupações éticas e regulatórias”.
Os três grupos políticos constituem 60% do Parlamento Europeu, sugerindo que a maioria dos membros é agora a favor de ações rigorosas para combater o comportamento da Suíça como paraíso fiscal.
Respondendo ao debate após a fuga de informação, a Associação Suíça de Banqueiros disse que o setor financeiro do país “não tem interesse em dinheiro de origem duvidosa.”
No entanto, a publicação desta fuga, que foi inicialmente enviada por um denunciante anónimo ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung, provocou um novo debate na Suíça sobre o conhecimento das leis de sigilo bancário do país. Alguns expressaram indignação sobre o facto de as leis terem impedido jornalistas suíços de participar na investigação sobre a fuga de informação, que envolveu meios de comunicação como o Guardian, o Le Monde, o New York Times e o Projeto de Reportagem sobre Crime Organizado e Corrupção (OCCRP).
Jornalistas suíços exigiram uma reforma urgente do artigo 47 da lei de sigilo bancário, que nos últimos anos foi ampliada de forma a criminalizar a denúncia de irregularidades e o jornalismo de interesse público.
Na segunda-feira, o secretário-geral da Federação Europeia de Jornalistas, Ricardo Gutiérrez, acusou a Suíça de violar “princípios fundamentais da liberdade de imprensa. A jurisprudência do tribunal europeu de direitos humanos, que autoriza a divulgação de informações confidenciais desde que sirvam a interesse público, não é aplicada na Suíça. Esta prática é digna dos piores estados autoritários. Deve ser interrompido”.
Braço de Prata: Novo caso de despejo sem ordem do tribunal
Dia 23 de fevereiro mais uma casa ocupada por um grupo de pessoas foi despejada sem ordem do Tribunal. Os supostos proprietários do prédio, situado no Braço de Prata e que se encontrava abandonado e em processo de degradação, apareceram por volta das 5 horas da tarde com a polícia ao perceber que havia pessoas a morar ali.
Depois duma tentativa falhada de negociação com os proprietários, uma pessoa que se encontrava no local e que tentou estabelecer uma chamada telefónica entre um advogado e um agente da polícia, foi identificada e ficou sem passaporte, acabando por ainda ter sido detida na esquadra n. 14 de Chelas.
Na ausência de uma ordem de despejos, os agentes afirmaram que esta não seria necessária neste caso. Direitos como o direito a uma chamada com o exterior e o acesso a uma advogada foram-lhe negados. As outras 4 pessoas acabaram também detidas, e às 11 horas da noite as autoridades decidiram que as companheiras iriam passar a noite no centro de detenção por não terem garantias de que se apresentariam a tribunal no dia a seguir, argumentando que nenhuma delas tinha morada fixa em Portugal, apesar das detidas afirmarem a existência de opções de endereços. As detidas relataram como os agentes da polícia faltaram ao respeito com insultos e tentativas de humilhação, além de terem lançado gás pimenta dentro da sala de espera onde se encontravam enquanto estavam algemadas.
O Ministério Público solicitou a investigação do caso e as pessoas estão a aguardar julgamento.