O AmbientalIST é uma organização de estudantes no Instituto Superior Técnico, empenhada em unir a comunidade estudantil universitária em prol da justiça climática.
Enquanto estudantes de ciência, não aceitamos a inação perante os resultados alarmantes que o nosso objeto de estudo nos diz: os dados são claros, e não estamos a fazer o suficiente quanto a eles. As alterações climáticas já estão a impactar todas as regiões do planeta, de diferentes maneiras. De acordo com o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), para um aquecimento global de 1.5ºC haverá mais — e mais devastadoras — ondas de calor, bem como estações quentes mais longas. No entanto, se considerarmos um aumento de 2°C, os picos de calor atingirão mais frequentemente pontos críticos de tolerância para vários setores, como a agricultura e saúde. É fundamental, por isso, não ultrapassarmos o limite de 1.5ºC. Mas não é nesse rumo que caminhamos, com recordes de temperatura a serem batidos constantemente [2].
É o nosso dever sermos críticos relativamente à forma como a ciência é incorporada nas decisões políticas e nas mudanças que reivindicamos. A verdade é que, atualmente, a ciência é usada para justificar a narrativa de uma tão prometida transição energética, mas que falha em se verificar. São inúmeros os duvidosos projetos de construção de extensíssimas centrais solares, de exploração de minérios e encerramento de infraestruturas, arrasando ecossistemas e não oferecendo qualquer justiça para os trabalhadores de indústrias poluentes. O caso de Sines é um exemplo evidente disso mesmo: a central termoeléctrica de Sines era uma das infraestruturas mais poluentes de Portugal; com o seu encerramento, 200 pessoas foram colocadas em situação de desemprego, o que revela a falta de um plano concreto e justo para os trabalhadores de indústrias poluentes.
Justifica-se a destruição de ecossistemas e a transgressão de direitos fundamentais em prol do desenvolvimento tecnológico sustentável per si, que se faz cumprir acima de tudo e de todas.
A ciência nunca deverá ser usada como argumento para pôr em causa os direitos de ninguém. Muito menos para que apenas uma pouca percentagem lucre com esta, percentagem essa que estuda e conhece exatamente há décadas a existência das alterações climáticas, mas que o escondeu de todas nós. A ciência deve ser de livre acesso e contribuir para o bem estar de toda a humanidade.
Temos de pôr a tecnologia existente ao serviço das pessoas, e não contra elas. E enquanto estudantes de engenharia temos de trazer luz em relação à forma como as soluções que investigamos estão a ser aplicadas no mundo real.
Enquanto por um lado a ponte entre ciência climática e os cidadãos deve continuar a ser reforçada de forma a tornar amplamente compreendido que temos de trazer mudanças drásticas ao atual sistema, é também de extrema importância que grupos de todo o cariz e origens se unam: para evitar que a ciência seja uma máscara para falsas soluções, bem como para construir o necessário consenso no rumo que devemos tomar, juntas. E é por isso que nos juntamos a esta causa: para pôr a ciência ao serviço das pessoas.
AmbientalIST
https://ambientalist.tecnico.ulisboa.pt/
[1] https://www.ipcc.ch/2021/08/09/ar6-wg1-20210809-pr/
[2] https://ourworldindata.org/grapher/temperature-anomaly?country=~Global
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