O Acampamento 1.5, de 6 a 10 de Julho em Melides, contou com mais de 140 participantes que levaram a Transição Justa até dentro da refinaria da Galp em Sines, às ruas de Sines e ao terminal de Gás Fóssil! Foram 4 dias de debates, formações, convívio e luta com espaço para todas as idades.
A diversidade do movimento pela justiça climática esteve presente em todo o acampamento, com formações e conversas sobre capitalismo e clima, desobediência civil, ecofeminismo, justiça global, anti-especismo, modelos económicos sustentáveis, sistemas alimentares sãos e justos, e água.
O Acampamento 1.5 contou com forte participação, incluindo os testemunhos de várias pessoas que vivem e trabalham na região: antigos trabalhadores da central a carvão da EDP, organizadores locais da luta contra a poluição em Ferreira do Alentejo, um trabalhador migrante do Nepal que trabalha nas estufas na zona de Odemira, dirigentes do Sindicato das Indústrias, Energia, Serviços e Águas de Portugal, e do movimento Dunas Livres em defesa da orla costeiras entre Tróia e Sines, contra os megaprojetos que existem para lá.
Várias atividades culturais, com artistas como Gabriel Pepe, o Grupo de Música Popular Falta Um, e Munay animaram todas as participantes. Durante todo o acampamento tivemos diversas peças de arte expostas, das artistas incríveis: Laura Bonito, Dawildside, Kat Hamilton, Lulr Imaginarium, Joana Mundana. Tínhamos em exposição uma obra dos Malibu Ninjas – que fizeram uma edição limitada de posters, impressos em risografia, e que estão a vender a um preço solidário, e cujo valor reverte na totalidade para o acampamento 1.5 – e uma peça única da Hardcore fofo – que foi leiloada, através da venda de rifas, durante o acampamento.
Contamos com 3 espaços permanentes: um espaço criança, com programa próprio; um espaço artivista onde desenvolvemos os materiais para a ação e onde a espetacular Angeline desenvolveu as cabeças gigantes (Galp, António Costa e Silva e António Costa); o Circovagamundo que trouxe as técnicas e arte do circo para todas as idades, feitios e experiências tal como um local para relaxar, cheia de materiais, como um trapézio e malabarismo, com o Leo pronto para nos ensinar a usá-los.
O acampamento 1.5 só foi possível com a participação activa de todas as participantes nas montagens, desmontagens e tarefas reprodutivas durante o acampamento. Contámos igualmente com uma equipa de cozinha incansável e incrível, composta por pessoas a quem podes facilmente dizer olá em espaços como Gaia Lisboa e RDA.
A preparação para a Ação 1.5 de 9 de Julho ocupou uma boa parte da programação, com formações práticas e teóricas em desobediência civil, que foram imediatamente aplicadas.
O Acampamento 1.5 teve um custo total de 17 587,32€ e recebemos de donativos 16 502,67€. Ou seja, o balanço final é de 1 084,65€ negativos. Podes consultar aqui o orçamento transparente.
Lê os relatos do primeiro e do segundo dia para mais informações sobre a preparação e debates.
Ação 1.5
Na Ação 1.5, regressámos à infraestrutura que mais emite gases com efeito de estufa no país, depois de Vamos Juntas! em Novembro de 2021. Queremos que a transição justa entre na refinaria e que ninguém saia desta sem uma transição justa.
Sete ativistas entraram na refinaria para entregar um plano de Transição Justa para Sines a quem trabalha lá dentro, enquanto nas duas entradas principais grupos entregavam o mesmo plano a quem saía. Apesar da Galp ter mudado horários e reduzido a laboração, conseguimos contactar com quem trabalha na refinaria, de manhã e na manifestação à tarde.
No dia 9 às 6h00 o acampamento rumou à Barbuda, onde uma marcha seguiu até à porta da refinaria. Vários grupos saíram da marcha, tendo-se um dirigido à entrada secundária da refinaria e outro entrado nas instalações da infraestrutura. Os membros deste último grupo foram detidos pela GNR e estiveram durante cinco horas presos dentro das instalações, até cerca das 13h30.
Quando todos tinham sido libertados, fomos levar a transição justa para as comunidades em Sines e para o Porto de Sines.
Manifestação “Por 1.5, Fim ao Capitalismo”
Às 15h30 concentramo-nos no jardim da república, em Sines. Durante 40 minutos dezenas de pessoas abordaram as pessoas nos cafés, lojas e nas ruas de Sines, para lhes entregar o plano de transição justa e falar com elas.
Às 16h00 iniciamos uma assembleia aberta a todas as pessoas, no jardim da república, onde esclarecemos dúvidas e debatemos como pode ser uma transição justa para Sines, com foco no Porto de Sines, na Refinaria da Galp e nos projectos relacionados com hidrogénio.
Ao cair da tarde, a manifestação arrancou, rumo ao Terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) do porto de Sines, estrutural crucial para o colapso climático levado a cabo pelo capitalismo fóssil em Portugal. Caminhámos pela cidade, com palavras de ordem, ao mesmo tempo que falamos e distribuímos mais relatórios nas ruas e na praia.
Terminamos à frente dos portões do terminal, onde denunciamos o crime de continuarmos a importar gás fóssil e, juntas, afirmamos que iríamos travar a expansão daquele terminal tal como, a importação deste combustível fóssil.
Por 1.5ºC, fim ao gás fóssil, fim à exploração, fim ao capitalismo!
No final da manifestação, e de regresso a Melides, houve festa, testemunhos da Greve Verde de 1982 e muita animação.
Descobre mais sobre este dia de ação e luta aqui.
Próximos Passos
No dia seguinte, 10 de julho, aprendemos ferramentas essenciais para organização do movimento e debatemos quais os próximos passos do movimento.
Falou-se do movimento contra a desflorestação da Quinta dos Ingleses, da oposição à construção das barragens do Projeto Tejo, do acampamento das Covas do Barroso, do Ende Gelände e as suas ações de solidariedade.
Para além disso há 3 grandes próximos passos para os quais todas foram convidas a envolver-se!
Trabalho e Clima
O caso de estudo “Por uma transição justa em Sines“, lançado no Acampamento 1.5, é uma nova ferramenta para espalhar a palavra sobre uma transição justa guiada pela ciência climática, dirigida pela justiça social e liderada pelos trabalhadores e pelas comunidades.
Queres desenvolver trabalho junto das comunidades e trabalhadores? Junta-te ao grupo de trabalho da região de Sines para envolver-te nas actividades. Mais informações, aqui.
Gás é andar para Trás
Na mesma semana que a União Europeia aceita gás fóssil como “verde”, acelerando a crise climática e colocando o lucro acima da nossa vida, o movimento pela justiça climática em Portugal declarou que irá travar a expansão do terminal de GNL e que gás fóssil é para acabar. Neutralidade carbónica em 2030 significa que temos menos de 7 anos para parar de importar gás para Portugal.
Precisamos de ti na linha da frente! Junta-te às ações contra gás fóssil a acontecer ainda este ano e à campanha gás é andar para trás.
Fim ao Fóssil! Ocupa – escolas e universidades
No primeiro semestre do ano letivo 2022/2023, a greve climática estudantil de Lisboa convida todas estudantes a ocupar os secundários e universidades de Lisboa pelo fim aos combustíveis fósseis. Descobre como te podes envolver, organizar e/ou ocupar AQUI.
Junta-te a nós
Faltam-nos poucos anos para travar o caos climático e as instituições políticas, económicas e sociais continuam a agir como se não houvesse qualquer crise climática. Se alguma vez pensámos que os governos e/ou as multinacionais podiam resolver esta crise, esta já é uma proposta testada e falhada.
Somos nós aqueles de quem estávamos à espera.
Temos propostas políticas, temos estratégias para ganhá-las e temos planos de acções.
Aparece na próxima reunião introdutória do Climáximo, dia 30 de agosto (terça-feira), às 18h, no CIDAC (picoas, Lisboa) e trás a tua raiva. Se não estás em Lisboa mas queres colaborar connosco envia email para climaximo@riseup.net
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