Estivemos na European Summer University for Social Movements

Na semana de 17 a 21 de agosto, o Climáximo esteve presente na European Summer University of Social Movements, em Mönchengladbach, na Alemanha. Este encontro internacional contou com a presença de mais de 600 participantes de diversas organizações e campanhas, como Attac, Extintion Rebellion, Greenpeace, Scientist Rebellion, Global Justice Now, Sistem Change not Climate Change, Global Climate Jobs, Fridays for Future, Plus Jamaica Ca, entre outras.

Ao longo da semana realizaram se vários workshops, palestras, fóruns e plenários, onde foram discutidos temas relacionados com capitalismo e justiça climática, a crise social e de cuidados, ecofeminismo, neocolonialismo, imperialismo, racismo e migração, bem como o avanço da extrema direita na Europa e o futuro da UE tendo em conta a conjuntura política atual. Foi também tema de discussão o papel dos movimentos sociais face à urgência dos tempos vividos, e questionadas as estratégias e organização dentro dos próprios movimentos.

Entre estas, constam algumas sessões organizadas pelo Climáximo, nomeadamente “Pulling the emergency brake to stop climate collapse”, onde conjuntamente efetuamos uma análise detalhada dos modelos transformativos e grandes estratégias, procurando através de uma análise de experiências passadas entender o que falhou e o que e como com isso podemos aprender. Foi uma sessão dinâmica e participativa onde desafiámos a ambição dos movimentos sociais face à necessidade de ação e organização.

“The Climate crisis is a class struggle”, foi também uma sessão participativa onde procuramos fortalecer as campanhas de Empregos para o Clima e, consoante os vários contextos nacionais, identificar as principais dificuldades que a campanha enfrenta e conjuntamente pensar em soluções para tal. Foi reconhecida a imprescindível necessidade de unir o movimento climático e o movimento laborial, e de encontrar pontos de convergência, para criar planos reais de transição justa que nos permitam dar respostas à crise social e climática. Nestas sessões abrimos espaços de discussão onde ativistas trocaram ideias e impressões, e com as experiências de cada uma procuramos respostas para as questões que levantamos, sempre com vista o fortalecimento do movimento e apuramento da nossa abordagem.

Entre as demais sessões, contámos também com a palestra do Fermento, “Theories of Change and Conflit Escalation” onde foi discutido diferentes teorias de mudança e adjacentes estratégias e táticas usadas por cada organização a fim de alcançar tais objetivos. Podemos também contar com a sessão do movimento End Fossil:Occupy! por ativistas da FFF Portugal, França e Alemanha, onde foram apresentadas e articuladas as ocupações de escolas e universidades pelo fim aos combustíveis fósseis, a acontecer internacionalmente no próximo ano letivo pelo movimento estudantil.

No dia 19 tivemos o Climate Forum, no qual discutimos o caminho para uma transição justa, com vista a justiça social, e as ativistas de várias organizações sublinharam particularmente a importância da interseccionalidade e intercontinentalidade do movimento pela justiça climática.

No mesmo dia, Climáximo esteve presente na mesa do Strategy Plenary, que tinha em vista questionar e analisar a influência dos movimentos sociais na atualidade e encontrar uma estratégia comum e eficaz para uma mudança sistémica efetiva face ás crises que enfrentamos, explorando a possibilidade de cooperação entre movimentos e no qual procuramos principalmente impulsionar e incentivar a ambição das organizações presentes.

No dia 20, autocarros saíram da universidade onde o encontro tomou lugar, em direção à vila de Lützerath, onde há vários meses se dá uma ocupação contra a mineração da área, que está a ser levada a cabo pela empresa de energia RWE. A ocupa acontece na última parte remanescente da vila, uma vez que o restante foi já destruído para permitir a expansão da mina de carvão. Os habitantes e ocupantes de Lützerath estão assim a impedir a expansão deste verdadeiro crime ambiental, protegendo a vila e lutando por cada metro da floresta. O dia da ação culminou numa ação direta, onde ativistas derrubaram um muro na área da mineração.

O dia seguinte foi de despedida e analise das conclusões tiradas e perguntas levantadas, e ESU22 acaba com a antevisão de um outono quente em movimentações pela justiça climática: a Climate Jobs Conference, a 17 e 18 de Setembro; o European Social Forum, a tomar lugar em Firenze, de 10 a 13 novembro e a Conferência do Acordo de Glasgow. Também as Ocupas pelo fim ao fóssil, irão começar em novembro em Portugal.

Este encontro europeu de movimentos sociais (que contou com a presença de coletivos e organizações fora da esfera europeia) foi um necessário espaço de reunião, confrontação e reflexão. Foi especialmente importante no entendimento do panorama internacional dos movimentos sociais, mais especificamente na Europa e nos metodos e estratégias usadas. O encontro foi bem sucedido, na medida em que pontes foram criadas, laços fortalecidos e revigorada a inspiração e urgência de agir.

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