Dia nove de setembro realizámos uma concentração no largo do Rossio e Martim Moniz em solidariedade com as populações do Paquistão, que sofreram cheias que submergiram um terço do território, e deslocaram pelo menos 35 milhões de pessoas.

Respondendo ao apelo internacional #PakistanIsOurStory, gritámos que as cheias do Paquistão e os incêndios e secas extremas em Portugal são parte da mesma história, com os mesmos responsáveis – governos e empresas cujo modelo de sobrevivência é a exploração de combustíveis fósseis.
Mais de 30 ações e concentrações ocorreram também por todo o mundo, desde Filipinas, à República Democrática do Congo, Camarões, Espanha, Dinamarca, Alemanha, Reino Unido, Roménia, Washington D.C., e Suíça.
Ammar Ali Jan, membro do Movimento Haqooq-e-Khalq no Paquistão, apela connosco “não só à indemnização das cheias, ou mesmo cancelamento da dívida, mas também a indemnizações climáticas no Paquistão. Estamos ao lado do povo do Paquistão e dos povos de linha da frente de todo o mundo que suportam o peso de uma crise e não da sua própria produção”.

O Paquistão está no meio de uma catástrofe climática sem precedentes. De março a agosto o território sofreu com ondas de calor extremas, longos cortes de energia, chuvas das monções combinadas com o rebentamento de calotas glaciares, e inundações sem precedentes. Estes acontecimentos não só anunciam o futuro distópico que se avizinha, mas também mostram que muito desse futuro já é hoje uma realidade.
Mais de 2 milhões de hectares de terras agrícolas foram destruídos, provocando receios de uma enorme escassez de alimentos nos próximos meses. Pelo menos 35 milhões de pessoas foram deslocadas.
Aisha Baloch, da Greve Climática Estudantil Baloquistão, assinala que a maioria das regiões afectadas são áreas com comunidades vulneráveis e marginalizadas, como o Baloquistão, onde as cheias aumentaram as desigualdades, a falta de acesso ao apoio humanitário, e a repressão.
Os povos do Paquistão causaram menos de 0,5% de todas as emissões globais de CO2, mas estão a pagar com as suas vidas os erros dos criminosos climáticos. “Não somos responsáveis pelas alterações climáticas da mesma forma que os EUA, China, Rússia e Europa. O Paquistão pode parecer uma realidade distante neste momento, mas o que está a acontecer no nosso solo é o futuro do resto do mundo, se não pararmos de queimar combustíveis fósseis. Acorda” partilhou Ayisha Siddiqa do Paquistão, no twitter.
É altura da sociedade responsabilizar os países e empresas que colonizaram, exploraram, e ainda lucram com a destruição do clima, com a crise ecológica, e com crimes contra a humanidade que continuam a causar. Exigimos o fim aos combustíveis fósseis e reparações climáticas para o Paquistão, começando com o cancelamento incondicional de todas as suas dívidas externas.
Mais informações sobre a ação internacional em https://this-is-our-story.org





