Comunicado | Não ao novo gasoduto!

Campanha Gás é Andar para Trás opõe-se à construção do novo gasoduto entre Portugal e Espanha.

Hoje os governos de Portugal, Espanha e França reúnem para decidir os detalhes de um plano criminoso: a expansão da infraestrutura fóssil em plena crise climática. Trata-se da construção da terceira conexão via gasoduto entre Portugal e Espanha, de Celorico da Beira até Zamora, com seguimento no gasoduto entre Barcelona a Marselha (nova ligação entre Espanha e França).

A Campanha Gás é Andar para Trás opõe-se à construção desta infraestrutura ociosa que nos prende ao vício do gás fóssil e impede reais soluções.

O novo gasoduto não vai transportar energia renovável

A denominação “corredor de energia verde” é mais uma tentativa do governo português de pintar de verde um projeto poluente e criminoso. As energias renováveis – solar, eólica, ondas, etc – não necessitam de um gasoduto.

Segundo o governo, o gasoduto é “verde” porque servirá para transportar hidrógenio, algures no futuro.
Em primeiro lugar, Hidrogénio não é uma energia renovável, precisando de uma fonte de energia para ser produzido. Não há garantia de qual será a energia utilizada para produzir esse hidrógenio, sendo a maioria do hidrógenio atualmente produzido através de combustíveis fósseis.
Em segundo lugar, sabemos que a infraestrutura de gasodutos não tem capacidade técnica para transportar 100% hidrógenio visto ser um gás instável e que cria microfissuras nos gasodutos. Assim, a infraestrutura de gasodutos atual é capaz de transportar no máximo 20% de hidrogénio necessitando de ser misturado com gás fóssil. Assim, mesmo no melhor cenário, será necessário que no mínimo 80% da matéria a ser transportada seja “gás natural”, um combustível fóssil.

Descobre mais sobre hidrogénio AQUI.

O novo gasoduto bloqueia uma transição energética

Este projeto fóssil desvia financiamento público. Tratam-se de milhões de euros de fundos públicos a serem utilizados para uma nova infraestrutura fóssil ao invés de serem utilizados para a construção de infraestruturas de energias renováveis e para garantir uma transição justa para todos os trabalhadores da indústria fóssil. Estes investimentos em gás fóssil não são compatíveis com a trajetória de neutralidade climática da União Europeia e não podem ser considerados investimentos sustentáveis ou com contributo para os objetivos climáticos europeus. Fazê-lo é apenas estender novamente o tapete à promoção de projetos obsoletos e extremamente prejudiciais para a vida de todas as pessoas.

Em plena crise climática, em que enfrentamos cheias e secas extremas, um gasoduto é uma arma de crime contra a vida e uma infraestrutura ociosa que nos prende ao caos climático e impede a real transição.

O novo gasoduto não vai levar a preços de energia e gás mais baratos

A causa principal da inflação atual é gás fóssil, como refere a Agência Internacional de Energia: “Os altos preços da energia estão a causar uma enorme transferência de riqueza dos consumidores para os produtores, para níveis similares aos de 2014 no caso do petróleo, mas totalmente sem precedentes no caso do gás natural. Os preços altos dos combustíveis são responsáveis por 90% do aumento dos custos médios da geração de eletricidade a nível global, com o gás natural à cabeça, sendo responsável por mais de 50% do aumento.”

Ao mesmo tempo que os preços de gás dispararam os lucros das empresas fósseis bateram recordes. O nosso dinheiro está a ir diretamente para os bolsos dos acionistas. A construção de novas infraestruturas de gás fóssil só alimentam este vício e especulação.

Ao mesmo tempo, as energias renováveis como solar e eólica nunca tiveram tão batatas e acessíveis. Aliás, com o mesmo investimento que a Europa tem feito na expansão de gás fóssil – com mais importações e mais infraestruturas – seriamos capazes de produzir mais 10% de energia, se fosse antes utilizado para aumentar de capacidade de energia solar.
O plano para soberania e democracia energética que garante energia acessível a todas é energia pública e 100% renovável.

Hoje voltamos a dizer Não ao Novo Gasoduto!

Não é a primeira vez que o governo português tem este plano criminoso. Em 2018 o movimento pela justiça climática lutou contra este mesmo projecto, que foi cancelado por pretender atravessar património mundial. Hoje o movimento pela justiça climática reitera a sua posição: não deixaremos a construção de mais armas de crime contra a vida de todas as pessoas que têm com único fim o lucro da indústria fóssil.

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