Esta reflexão foi escrita por Noah no seguimento do 7ª Encontro Nacional pela Justiça Climática. Tem como base a sessão “Linhas da frente” e diversas conversas e debates que aconteceram ao longo do evento.
Ao meu lado, senta-se uma ativista da PATAV. Vem de Sines, da linha da frente da luta com os grandes projetos que hoje produzem a degradação ambiental radical que os coletivos na sala protestam: Juntos pelo Sudoeste, Dunas Livres, Tamera, e outros contam-nos histórias de campanhas de sensibilização, reportagens, entrevistas, denúncias, queixas legais nacionais e internacionais, reuniões com munícipes – contam-nos as inúmeras provas que o sistema não tem qualquer interesse em mudar. No fundo, que os meios de representação falharam, e que por isso precisamos de novas estratégias, se queremos combater os enormes projetos privados destinados a satisfazer apenas as elites.
Falam-nos de campos de golf em locais que sofrem com secas brutais, hotéis de luxo em reservas naturais. Discutimos as refinarias de petróleo que continuam de pé em plena crise climática, e as pessoas trabalhadoras injustiçadas nos poucos processos de encerramento de infraestruturas poluentes.
Sabemos que não está a acontecer uma transição justa em direção a uma sociedade que valoriza as pessoas acima do lucro, mas sabemos que somos capazes de lutar por ela.
Propomos, entre outras coisas, um acampamento. Um momento que reunirá mobilização, organização, e sensibilização nos dois grandes pilares da mudança: o fortalecimento do movimento com formações e partilha de conhecimento, e ação direta sobre os responsáveis da crise que vivemos.
Saímos da sessão com a impressão que um novo mundo é possível, se tivermos a força de lutar por ele.